Explicado: Quais os tipos de câmeras múltiplas nos smartphones?
Câmeras múltiplas são uma das modas dos smartphones atuais, junto com telas sem bordas e de aspecto 18:9. Mas câmeras múltiplas são variadas e existem em diferentes tipos, de acordo com o objetivo esperado pela fabricante, e são cada vez mais numerosas. Hoje, vamos explicar para vocês quais são esses tipos e para quê servem.
Como muitas outras coisas que viraram moda só agora, a câmera dupla em smartphones chegou bem antes do que você imagina. Em 2011 a HTC lançou o EVO 3D, com duas câmeras que faziam exatamente o que seu nome diz, 3D. Só bem depois, em 2014, a HTC trouxe o One m8, outro modelo com câmera dupla.
A LG foi a primeira a trazer essa função para o Brasil, com o LG Optimus 3D em 2011 (e, mais pra frente, com o LG G5 SE), e a Apple só trouxe algo nesse estilo com o iPhone 7 Plus, em 2016.
Câmera com sensor de profundidade
É um dos sensores mais simples e, por isso, aparecem bastante como coadjuvantes, quase sempre em menos megapixels. Como o próprio nome já diz, é o sensor direcionado para ressaltar a profundidade da foto. Sim, estamos falando do famoso modo retrato, ou bokeh.
Nesse conjunto, um dos sensores faz a leitura tridimensional na cena, determinando o que está a frente e o que está atrás. O segundo sensor confirma as informações e, juntos, conseguem formar imagens com o fundo desfocado. Esse é um efeito que boas lentes de câmeras DSLR fazem naturalmente, graças ao conjunto de lentes que a integram.
No smartphone, esse conjunto é simulado, e apesar de termos duas câmeras para isso, elas não captam os objetos tridimensionais com precisão, e por isso muitas vezes vemos fotos nesse modo com orelhas, cabelo e óculos com partes borradas. Esse efeito borrado também não é super preciso, pois borra o fundo da imagem de forma igual, coisa que as lentes das DSLR não fazem.
Câmera com sensor monocromático
Esse sensor é um recurso que uma empresa muito popular no Brasil já utilizou bastante. Tanto o Moto Z2 Force como o Moto G5S Plus possuem, dessa forma, um sensor comum, colorido, e um monocromático. Esse sensor costuma ser idêntico ao colorido, com as mesmas especificações até mesmo de abertura e megapixels.
A grande diferença está na falta do filtro RGB nesse sensor, o que faz com que ele perca qualquer informação de cor, mas que também possua uma camada a menos de filtro, permitindo a entrada de mais luz. Assim, esse sensor acaba tendo duas utilidades: melhores fotos em preto e branco (o chamado preto e branco verdadeiro, já que não é preciso ter uma foto colorida e retirar a cor digitalmente) e fotos com maior qualidade e mais entrada de luz.
Também é possível usar esse sensor para oferecer o modo retrato, como os dois aparelhos da Motorola fazem, mas ele acaba tendo mais vantagens além disso. Um dos melhores exemplos de aplicação desse sensor é no Huawei P9, amparado por lentes Leica.
Câmera grande angular (ou super grande angular)
Quando você olha para um smartphone e as câmera parecem bem diferentes uma da outra, é bem provável que uma delas seja uma grande angular. É com esse tipo de câmera que você consegue as fotos mais diferentes, aquelas que pegam muito mais imagem do que uma câmera comum.
A primeira câmera dupla no Brasil, presente no LG G5 SE, é uma grande angular (ou super wide angle, como chamam também). Enquanto uma delas possui sensor de 16 megapixels, 29 milímetros e com abertura f/1.8, a segunda é bem diferente, trazendo sensor de 8 megapixels, 12 milímetros e abertura f/2.4. Essa segunda câmera, embora pareça inferior, é a que dá um ângulo muito mais aberto com seus 12 milímetros.
Geralmente, câmeras assim permitem que você tire tanto fotos normais como com ângulo aberto, bastando apertar um botão ou mexer no zoom da interface. A câmera do G5 foi uma das primeiras e tinha muita distorção, mas as mais atuais já fazem um belo trabalho, inclusive no LG G7.
Alguns dos melhores exemplos que temos no Brasil são o Galaxy S9 e o Zenfone 5Z, com conjuntos de grande angular (com telefoto, como explicarei mais abaixo), e assim percebemos o padrão de uma câmera principal, superior, e outra inferior, muitas vezes com foco fixo, que faz as fotos em grande angular. Lá fora, o melhor exemplo é do Huawei Mate 20 Pro. É possível fazer fotos muito interessantes com esse conjunto.
Câmera telefoto
São as telefotos que encontramos nos topos de linha mais famosos. Os iPhones a partir do 7 Plus, o Galaxy Note 8, Galaxy S9+ e Galaxy S10 possuem esse conjunto, que atua da maneira contrária a uma grande angular, trazendo melhores capturas em zoom.
Mas não é apenas no zoom que a lente telefoto traz vantagens, e é por isso que esse conjunto é o mais versátil e mais adotado pelos melhores aparelhos. Em primeiro lugar, ele obviamente melhora a qualidade do zoom, que geralmente vai a 2x. Um zoom de ótico de 2x é muito melhor que um digital, e mesmo que acima disso a câmera trabalhe com o digital, fará isso em cima dos 2x óticos, melhorando a qualidade como um todo.
Em segundo lugar, esse é o conjunto que aprimora o modo retrato. A câmera telefoto aliada à câmera principal – que nesse caso age como uma de profundidade, geralmente wide – consegue trazer resultados muito mais satisfatórios de desfocamento do fundo (claro que, como vemos pelos Pixel, é bem possível fazer a mesma coisa com apenas uma câmera, mas enfim…).
Em alguns casos, como no Samsung Galaxy Note 8, OnePlus 5T, Zenfone 3 Zoom, Xiaomi Mi A1 e outros, o conjunto acaba sendo uma mistura de dois conjuntos, tendo uma câmera telefoto e uma grande angular, trazendo muito mais possibilidades de captura. Porém, a grande angular não é tão forte como naqueles casos em que há apenas uma câmera comum e outra grande angular.
Câmera ToF
A última novidade em câmeras que chegam para adicionar recursos aos aparelhos é a ToF, a abreviação de Time of flight, ou tempo de vôo. Quer dizer, são novidade porque devem se popularizar agora em 2019, mas já a algum tempo, o Lenovo Phab 2 Pro e o Zenfone AR, parte do Projeto Tango do Google, já tinham trazido esse conjunto. Atualmente, o Galaxy S10 5G e, talvez, o LG G8, contam com essa câmera, por exemplo.
Seu principal uso não é para fotografias, e sim para dois usos menos comuns: reconhecimento de faces em 3D e RV e RA. Com o primeiro, permite mais precisão para desbloqueio de aparelhos usando esse recurso, deixando-o tão seguro quanto o FaceID da Apple. Já o segundo também aprimora o uso dessas duas tecnologias.
Nesse módulo, há um laser infravermelho que emite pulsos de luz. Assim, usando a luz refletida pelo ambiente, é possível medir a distância, de cada e todo pixel. A amplitude do sinal também é capturada a ponto de termos a medida exata de cada da distância de pixel.
Ou seja, ela não capta imagens para fotos em si, e é mais um sensor que lê o ambiente usando o laser e a medição que faz do seu retorno. A ToF não captura apenas uma imagem, mas é capaz de avaliar cada frame de vídeo e combinar as imagens 3D artificiais sobre o modelo 3D do ambiente.
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Conjuntos híbridos estão populares
Provavelmente, é nesse conjunto híbrido que as fabricantes irão investir para melhorar as funções e qualidade da câmera. O que sabemos é que, cada vez mais, conjuntos duplos, triplos, quádruplos e até superiores já estão tomando os aparelhos, sejam topos de linha ou intermediários.
Nesse exato momento, laboratórios de P&D de muitas fabricantes já têm em mãos os aparelhos dos próximos dois ou três anos, mas nem você e nem eu sabemos se eles contém um conjunto múltiplo ou não. Só dá para saber que o Nokia 9 PureView vem aí com cinco câmeras traseiras, e espero que isso pare por aí.
Você usa um aparelho com câmera múltipla? Quais recursos utiliza?
Bela matéria, mas acho desnecessário tantas câmeras em um celular, quando se pode fazer todos esses efeitos com apenas uma lente. Sem contar que reduz o preço final dos aparelhos.
muito boa a matéria !!! parabéns...
daora, não sabia que tinha tantas diferentes
Muito bom esse artigo, com informações bem claras e de forma bem explicada. O atual dispositivo que uso (estou vendo se pego um One Plus 6) um ZenFone 4 com Snapdragon 660, com duas câmeras traseiras.