USB Power Delivery: o que é e onde posso usar?
Olhando para um plugue de tomada, uma fonte trambolhuda e um cabo USB, você nunca se perguntou por que essa última conexão não poderia ser a única a ser utilizada para tudo? Se você já pensou nisso, saiba que não foi o único. Esse é um dos objetivos do USB Power Delivery.
Esse termo, USB Power Delivery, ou ainda sua sigla USB-PD, não devem ser estranhos a você. Eles já apareceram por aqui mesmo, no mercado de smartphones, e promete realmente facilitar a vida de muitos outros mercados, isto é, se realmente sair apenas do conceito.
Normalmente, um cabo USB é o que já conhecemos: majoritariamente um cabo de dados que, secundariamente, também fornece energia. Uma porta USB 3.0 pode entregar 10 Watts, o que pode ser suficiente para carregar rapidamente alguns smartphones. Porém, nem de perto é o suficiente para smartphones com baterias mais parrudas ou aparelhos como notebooks, monitores e outros.
Porém, o consórcio de empresas que cuida do USB, o USB IF, percebeu como a porta USB se tornou popular, presente em quase tudo o que temos de eletrônicos hoje, e entendeu a necessidade de alimentar equipamentos potentes. Daí veio o USB-PD, que meio que inverte a situação do cabinho USB de sempre.
USB Power Delivery significa, em português, algo como Distribuição de energia via USB, e daí você já pega o sentido da coisa. A tecnologia USB-PD transforma esse cabo, essa conexão, em um verdadeiro entregador de energia, igual ao que cabos de força tradicionais, tomadas e fontes fazem. Com ela, a porta USB pode entregar até 100W. Outra coisa, né?
Com isso, é possível não apenas entregar velocidades mais rápidas de recarga de smartphones, mas também aposentar fontes, carregadores de parede e outros.
Uma das vantagens está em equipamentos mais confiáveis, menos chance de usar cabos e acessórios de baixa qualidade. Outra boa notícia vem da própria economia de energia em si. Enquanto os cabos e portas que temos hoje precisam converter a energia da corrente alternada (AC) da rede de energia em corrente contínua (DC), o USB-PD reduz o consumo de energia entregando corrente contínua na voltagem necessária ao aparelho conectado, economizando energia na diminuição de perda por calor.
Uma outra peculiaridade dessa tecnologia é sua reversibilidade. Se você conecta um smartphone com pouca carga a um notebook usando o USB-PD, por exemplo, o notebook irá recarregar o smartphone. Porém, se a bateria do notebook se esgotar, é o smartphone quem pode passar a recarregar o notebook. É possível também, por exemplo, um monitor recarregar um notebook ao qual está conectado.
Por fim, fica claro que o USB-PD é um "pau para toda obra", uma vez que ainda é uma porta de conexão de dados, mas também de altas doses de energia. Para garantir segurança, ele otimiza o gerenciamento de energia em vários periféricos, permitindo que cada dispositivo receba só a energia necessária e obtenha mais energia quando necessário para um determinado aplicativo.
E onde o USB-PD já é usado?
Embora não seja super popular ainda, você pode já ter visto alguns aparelhos funcionando com o USB-PD. Um bom exemplo são os Pixel 2 e 3 do Google, ou ainda os mais novos Macbooks da Apple, além de Chromebooks. Se você notar, eles ainda usam carregadores e fontes, mas sempre com um cabo USB-C nas duas pontas.
Até mesmo os mais novos iPhones possuem suporte ao USB-PD, embora precisem de um cabo que seja USB-C/Lightning. Outros aparelhos famosos com a tecnologia são o Essential Phone e até mesmo os Galaxy S9 e o Galaxy S8, que embora sejam Quick Charge, também são compatíveis com o USB-PD. Muitos aparelhos já estão saindo com esse duplo suporte.
Isso traz mais uma vantagem, que é a unificação de diversos modelos de conexão. No caso de um MacBook novo, todas as conexões dele são USB-C, e o mercado está aos poucos se adaptando a isso, oferendo HDs externos USB-C, monitores USB-C, impressoras USB-C e outros acessórios, eliminando a necessidade de diversos cabos diferentes, como HDMI, USB 3.0, microUSB e outros.
Há um concorrente
Embora mais de nicho, especificamente no mundo de smartphones, nós temos a presença do Quick Charge da Qualcomm como um concorrente de peso, impedindo que o USB-PD se espalhe mais por um dos mais populares mercados.
São necessários chips da Qualcomm para que o Quick Charge funcione, e isso deixa essa outra tecnologia de carregamento rápido presa a gadgets portáteis como smartphones e, no máximo, computadores. Porém, justamente nessa área onde o USB-PD poderia correr solto, ele perde bastante campo, uma vez que a Qualcomm domina os smartphones Android do mercado.
A partir do Android Nougat 7, o Google colocou em seus documentos uma forte recomendação para que as fabricantes não utilizassem padrões proprietários como o Quick Charge. Embora ninguém tenha dado muito ouvido a isso, alguns aparelhos já contam com os dois formatos.
Você acha que o USB-PD ainda será o padrão um dia?
Olá Bruno, tudo bem?
Muito bom seu artigo, mas tenho uma dúvida que até agora ninguém esclareceu.
Tenho um notebook modelo Yoga 520-14IKB, número da série PE03H29H.
Ele tem uma porta lateral USB-C.
Nesta porta eu conecto todos os dias com um cabo com uma "ponta" USB-C o meu celular e carrego a bateria dele (tomada>notebook>celular).
Vou viajar e quero comprar um powerbank (bateria portátil) que carregue o notebook. Já encontrei uma da Baseus com 65w que, EM TESE, daria certo (pq o notebook tem 40w).
MINHA DÚVIDA É: a porta USB-C do meu notebook também "recebe" energia elétrica? Ou seja, se eu colocar um powerbank deste ele vai carregar o notebook por esta porta?
Pergunto porque na própria Lenovo me informaram que pode existir porta USB-C que só "envia" energia (por isso consigo carregar o celular) e não "recebe".
E o incrível é que a própria Lenovo não sabe me informar precisamente se o meu notebook recebe energia porque ele tem mais que 5 anos, que é o período que eles guardam as "fichas técnicas" dos aparelhos no sistema (absurdo total!).
Me recomendaram a perguntar num fórum da Lenovo; perguntei, mas ninguém respondeu ainda.
Será que você consegue responder ou conhece alguém que consiga?
Obrigado e grande abraço.
Olá Fernando,
Como o Bruno não trabalha mais no site, vou tentar responder sua pergunta.
Pela documentação disponível online, alguns reviews (em inglês*) e até algumas discussões online, aparentemente, o modelo só fornece energia pela porta USB-C, e não parece ser compatível com carregadores ou powerbanks USB-C (o que é geralmente identificado com o "Power Delivery").
Em tese, se a porta USB é capaz de receber energia, ela deve ter um logo específico para o power Delivery:
https://www.kensington.com/siteassets/blog/2018/02---february/kensington-usb-c-port-table-01-1024x512.jpg?width=1024&height=512 (o terceiro da tabela, com um formato de pilha)
* Review: https://www.notebookcheck.net/Lenovo-Yoga-520-14IKB-i5-7200U-256-GB-SSD-Laptop-Review.268080.0.html
* tópicos: https://www.reddit.com/r/Lenovo/comments/hg6ai6/not_able_to_charge_lenovo_ideapad_520_via_the/ e https://www.reddit.com/r/Lenovo/comments/btkatr/charging_a_yoga_52014ikb_81c8_via_usbc/?rdt=50304
Um jeito de confirmar a compatibilidade é testar com um carregador USB-PD de iPad, MacBook ou outro notebook (Windows ou Mac) com uma saída/output de 40W ou mais.
(carregadores de alta potência de celulares, especialmente os chineses, não servem, pois não seguem as especificações USB-Power Delivery)
No Nexus 6P foi a primeira vez que pude usar um cabo USB-C com padrão nas duas pontas, já era uma tentativa do Google de popularizar o padrão. Passei pelo Pixel 2XL e agora Pixel 3XL, e funciona muito bem. O único porem é que a capacidade de carga é semelhante as primeiras gerações de carregamento turbinado, e isso não tem sido alterado, pelo menos na linha Google.
Está aí um padrão difícil de ser criado , a comissão europeia está tentando criar um.padrao único, mas players poderosos como Apple são contra , afinal como ela.podera vender seus caros adaptadores.
Já era. Agora em 2023 a Apple já está tendo que usar USB.