Conheça o PrimeOS, versão gratuita do Android que roda no seu PC
O sistema operacional Android, da Google, pode ser encontrado em smartphones, tablets, smartwatches, TVs e até carros. Mas sabe um lugar onde ele está ausente? Computadores pessoais. O PrimeOS pretende preencher este “vazio”, e levar o Android para seu PC.
Não é a primeira vez que uma empresa tenta adaptar o Android para computadores pessoais. Em 2016 uma empresa chinesa chamada Jide anunciou o Remix OS, um sistema baseado no Android porém modificado com suporte a um desktop, teclado, mouse e apps rodando em múltiplas janelas, como em um PC com Windows.
O RemixOS foi descontinuado após pouco menos de um ano de desenvolvimento e agora o PrimeOS, da indiana Floydwiz Technologies Private Limited, tenta ocupar o mesmo espaço. A promessa é boa: rodar todos os seus apps Android favoritos, incluindo jogos, em um PC aproveitando teclado, mouse e uma tela grande para uma multitarefa mais eficiente e maior produtividade.
Mas será que dá certo? Resolvi experimentar uma versão beta (ainda em desenvolvimento) do PrimeOS para ver como ele se comporta. E posso dizer que embora ainda não esteja completamente maduro, como é de se esperar de um beta, o projeto tem potencial.
Instalando o PrimeOS
A versão atual do sistema é a 0.4.5, baseada no Android 7.1 e disponível em três “sabores”: Mainline, para máquinas com GPUs dedicadas ou aquelas fabricadas após 2014, Standard, para máquinas fabricadas entre 2011 e 2014 e Classic, para máquinas com processadores de 32 Bits.
É possível baixar tanto um utilitário para Windows que cria um Pendrive de instalação e demonstração para você, quanto uma imagem ISO que pode ser gravada em um Pendrive usando um app como o Etcher.
O sistema operacional é leve, e ocupa cerca de 1.1 GB. Entretanto, um pendrive de 4 GB é necessário para a instalação. Assim, além do sistema operacional você terá cerca de 2.6 GB livres para “instalar” apps. O Pendrive se comporta como um “Live CD”: ao ligar o computador você pode escolher entre instalar o PrimeOS em seu PC ou rodá-lo a partir do Pendrive. Neste caso, todas as mudanças que você fizer (configurações, apps que instalar, arquivos que baixar) serão perdidas quando o computador for reiniciado.
É importante avisar que a instalação é destrutiva: o HD de sua máquina será apagado e o conteúdo substituído por uma cópia do Prime OS. Portanto, nem pense em instalar o sistema no seu PC principal, aquele que você usa para trabalhar ou estudar. Faça isso em uma máquina “cobaia”, ou então rode o sistema a partir do Pendrive.
Testei o PrimeOS em meu notebook, um Samsung R480 que já tem cerca de 8 anos de uso, equipado com um processador Intel Core i5 M460 de 2,5 GHz, acompanhado por 6 GB de RAM, uma GPU nVidia GeForce GT 330M com 1 GB de memória de vídeo e uma unidade SSD de 120 GB.
Mas os requisitos de sistema são bem menores. Mesmo um computador com um processador “de entrada” como um Pentium ou Celeron e 2 GB de RAM deve conseguir rodar o PrimeOS.
Primeiras Impressões do PrimeOS
Logo após o boot um assistente auxilia na configuração de alguns parâmetros, como nome e data de nascimento do usuário, data, hora e fuso horário. Depois de preencher estas informações, em alguns segundos você estará no desktop.
E é um desktop bem parecido com o que você encontraria em um sistema operacional moderno, como o Windows 10. Barra de tarefas, menu “iniciar” com seus aplicativos e uma “bandeja de sistema” no canto inferior direito da tela com notificações. E assim como no Windows é possível colocar atalhos para seus apps e documentos no desktop.
O sistema vem com pouquíssimos apps pré-instalados, entre eles um gerenciador de arquivos, MP3 Player, YouTube, Chrome, player de música e utilitários como câmera e galeria de imagens. Mas você pode usar a Play Store para instalar o que quiser. E pelo que testei, a compatibilidade com apps é muito boa.
Instalei o navegador Mozilla Firefox, Google Docs, um leitor de PDFs, Google Drive, um cliente Telegram e todos funcionaram sem problemas. Até o WhatsApp roda, mas não dá para fazer muita coisa, já que ele exige um SIM Card associado a uma linha telefônica no aparelho.
Cada app abre em uma janela própria, que pode ser colocada em tela cheia ou redimensionada à vontade. Muitos apps são capazes de “rearranjar” a interface quando você aumenta o tamanho da janela, para aproveitar o espaço extra.
O suporte a hardware é muito bom. O sistema reconheceu corretamente meu processador, a quantidade de memória RAM, a placa de vídeo, a placa de som e interfaces Wi-Fi e Bluetooth. Até o teclado em português foi configurado corretamente, basta selecionar a opção correspondente na tela de configurações. O PrimeOS rodou “leve”, usando em média 1.1 GB dos 6 GB de RAM de meu notebook.
Dá pra jogar no PrimeOS?
OK, chega de falar de aplicativos de produtividade, eu sei que o que você quer é saber se dá para jogar. Dá sim, e com o poder de processamento de um notebook moderno, principalmente os modelos com GPUs dedicadas, mesmo os jogos mais pesados rodam bem.
Instalei Asphalt 8 (a versão 9 não cabe no espaço livre no Pendrive), e o jogo rodou com alta qualidade gráfica e ótimo desempenho durante as corridas, embora tenha mostrado alguns problemas nos gráficos de alguns menus e um pouquinho de lentidão ao exibir os carros antes da largada.
O PrimeOS vem com um utilitário chamado DecaPro, que permite mapear toques e gestos na tela para teclas e movimentos do mouse, o que permite jogar mesmo games que dependem da tela de toque e é uma boa notícia para fãs de jogos de tiro em primeira pessoa (FPS).
Ninguém é perfeito
Se em algumas áreas o PrimeOS impressiona, em vários pontos fica evidente que o sistema ainda precisa ser refinado. O navegador Google Chrome, por exemplo, se recusou a mostrar os sites, me obrigando a instalar o Firefox.
Ocasionalmente não consegui retornar a alguns apps que foram minimizados: nada acontecia ao clicar no ícone. Também tive dificuldades ocasionais ao selecionar uma janela que estava atrás de outra. Neste caso, o clique era registrado na janela da frente.
Ao jogar, não consegui parear um controle Bluetooth, o mesmo que uso em dois smartphones Android aqui em casa. E a webcam de meu notebook não funcionou. Na verdade ela captura apenas o primeiro quadro da imagem, assim que abre, e em seguida congela completamente.
Por fim, o problema mais “grave”: meu notebook não conseguiu voltar da hibernação. Tudo o que via era uma tela preta, e fui obrigado a reiniciar o computador.
Vale mencionar que estes são problemas pequenos, típicos de um software Beta. Sem dúvida, nas próximas versões do sistema operacional eles estarão corrigidos.
Vale a pena instalar o PrimeOS?
Embora ainda não esteja pronto para substituir o Windows no dia a dia, o PrimeOS mostra potencial e pode ser especialmente interessante para aqueles estudantes e profissionais que já abraçaram a mobilidade e estão acostumados a fazer tudo com um smartphone.
Resta saber se os desenvolvedores conseguirão recursos suficientes para continuar aprimorando o sistema e incentivar sua adoção, algo que a Jide não conseguiu com o RemixOS. De qualquer forma, recomendo experimentar o PrimeOS rodando direto de um Pendrive, nem que a título de curiosidade. É um projeto no qual vale a pena ficar de olho.
não consegui colocar o live em PT BR
Seria interessante um comparativo entre os SOs disponíveis.... Tenho um híbrido da Asus com tela Touch e queria retirar dele o windows 10 para usar mais como tablet... Qual vocês me indicam? (Phoenix, Prime, Bliss, X86, outro?)
Ola amigos por acaso você sabe se dá para colocar duas telas no prime os? Por exemplo até a tela primária e a tela secundária como acontece no Windows amigos?
Por favor amigos
minha webecam comgela o bluetooth nao funciona e nao reconhece pendrine mas o de resto ta tudo bem
Me ajudem, instalei o PrimeOS no meu notbook da samsung , mas o wifi nao funciona, nao reconhece as redes, alguem pode me ajudar?
Interessante!
O visual lembra muito o finado RemixOS e, particularmente, acho mais agradável e melhor acabado que o PhoenixOS (mais antigo que este do artigo), chamando bastante atenção o assistente de configuração, que é bem feito e não fica devendo em nada ao próprio Windows.
O ruim, fora os problemas citados, não é nem ele: é, na verdade, o código do Android x86 que, aparentemente não está sendo devidamente revisado (o patch de segurança é o mesmo da R2 do projeto do engenheiro taiwanês Chih-Wei Huang, lançado no final de 2017, dando sinais de que está abandonado, em favor do desenvolvimento da versão do Oreo que, particularmente, está até mais polido que o Nougat, só precisando resolver o problema do Play Services).
Em meus testes com o Android x86 e derivados, pode ser que o teclado PT-BR não funcione corretamente, precisando utilizar o app RaidSX Input Devices, que adiciona a opção do ABNT2, não suportado nativamente pelo SO da Google.
PS.: para quem interessar, o Bliss OS e, na verdade, a versão vanilla do Android x86 Pie (ainda não lançado oficialmente pelo projeto oficial) com vários incrementos; e, além das opções sugeridas, há também o OPENTHOS, que segue mais ou menos a proposta do Prime e do Phoenix OS.
Tenho um híbrido da Asus com tela Touch e queria retirar dele o windows 10(que sozinho já lota o ssd de 32gb a ponto de não conseguir atualizar) para usar mais como tablet... Qual vocês me indicam? (Phoenix, Prime, Bliss, X86, outro?)
Adorei a proposta. A única forma que eu conhecia de rodar Android no PC era através de emulação, o que deixava muito a desejar.
Faltou testar o Netflix, que normalmente da erros em sistemas assim.
Opa, fiquei curioso em testar o PrimeOS, parabéns pelo artigo. Bem interessante!
Excelente post com bom.conteudo ,.irei testar em.maquina virtual.
Bem interessante e lembra muito o RemixOS. Vou ver se instalo em uma máquina virtual para testar.
Interessante
Dá pra baixar essa iso e rodar no virtualbox será? Pensando em testar
acredito q sim.. vou testar
Por favor, façam review também do PhoenixOS (baseado no Android 7.1) e no BlissOS (baseado no Android 9.0)
Obrigado pelas dicas, Douglas! Não conhecia estes dois. ;)
O PhoenixOS é excelente e vem da msm época do RemixOS. O BlissOS eu já não o conheço bem. Vale muito a pena os dois reviews.