Passei uma semana usando o Alcatel 1, um Android Go
Você já usou um Android Go? Eu passei uma semana tentando usar um como o meu smartphone principal. Uso atualmente um Motorola Moto Z3 Play como meu daily driver, então não saí de um super topo de linha para esse de entrada, mas de um intermediário premium.
Mas será que deu certo? Dá para passar a usar um Android Go saindo de um intermediário? Veja as conclusões, os perrengues e as surpresas a seguir.
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Primeiro dia - Iniciando os trabalhos
Tirei o bichinho da caixa. Ele é surpreendentemente arrumado. Não é um ícone do design, mas para o seu preço médio de 400 reais, é bem ajeitado. Sua tela é no formato 18:9 e ele não é muito grande, então cabe bem na mão.
Acostumada a testar aparelhos mais caros, é difícil ver um smartphone que encaixe tão bem e seja menor, mesmo tendo 5,3 polegadas de tela. O corpo é todo em plástico e assim que eu peguei já arranjou umas marcas de gordura, mas o acabamento simulando metal escovado é bom.
Procurei o local para inserir o chip SIM e percebi que sua tampa traseira sai, como nos velhos tempos. Mais ainda, sua bateria é removível, algo muito raro de se ver hoje em dia em aparelhos novos. É uma característica interessante para o seu preço.
Coloquei o chip e percebi que há outros slots, um para outro chip SIM e um para o microSD. Aproveitei que tinha um de 2 GB na gaveta e coloquei, já que sua memória interna é de 8 GB, o sistema mostra que há 10 GB existentes e depois 8 GB, e somente 3,96 GB sobram para mim. Um número preocupante, eu diria.
Deixei recarregar até os 100% e liguei. Ele perguntou se eu queria transformar o cartão SD em memória interna, com o que eu concordei. Ele reformatou o cartão e agora tenho mais gigantes 2 GB de espaço extra, não sem ser avisada de que meu microSD é lento e pode dar problemas.
Configurei o básico e instalei apps que vou utilizar pela próxima semana, como Telegram, WhatsApp e meu leitor de feeds, o Feedly.
Segundo dia - A tela chamou atenção
Percebi que ontem, enquanto configurava, a bateria drenou 35% em pouco mais de uma hora. Mas depois utilizei o Alcatel 1 apenas para os mensageiros e o leitor de feeds e, mais de 12 horas depois, incluindo as horas em que estava dormindo, ele está ainda em 50%.
Fiz uma chamada com ele e não vi nenhum problema nesse quesito. A voz é clara e limpa, a recepção do sinal foi boa. Ele realmente não apresenta instabilidades nem no 4G e nem no Wi-Fi. Ainda assim, minha paciência ficou instável em muitos momentos, mas foi mais pela usabilidade.
O retorno da tela é muito bom, a resposta háptica é ideal, mas muitas vezes em que eu precisava usá-lo, o sistema era lento, lento demais. E eu não saí de um topo de linha, saí de um Moto Z3 Play com mais de 200 apps instalados, então ele também não é o rei da velocidade.
A tela é boa no retorno, mas não é tão boa assim no visual. O tamanho dela é ótimo para o preço dele, mas você toca nas coisas e elas demoram para responder. Os aplicativos demoram para abrir, imagens que me enviam demoram para serem lidas e aparecerem na tela. O app do feed foi sem problemas, mas WhatsApp e Telegram realmente ficaram lentos.
Não acho que seja um defeito que o inutiliza. Ainda é um produto interessante para quem tem pouco orçamento e para pessoas que realmente não se incomodam com velocidade, como idosos e pessoas mais velhas. Mas, para quem sai de um intermediário, pode ser bem ruim.
Terceiro dia - Os extras da Alcatel
Acabei usando o Alcatel 1 menos do que deveria, pois algumas coisas não há como serem feitas nele. Eu consigo responder emails, navegar em sites de notícia, ler meus feeds e conversar pelo WhatsApp. Mas tenho jogado Lemmings e não funciona nele.
Tenho gostado de navegar pelo sistema, não parece uma coisa desleixada. O Android Go é bacana para rodar de forma mais fluida em aparelhos mais simples como esse, você vê que foi pensado para isso. O Google possui funções mais diretas, e isso acaba sendo bom também para quem não tem muita intimidade com tecnologia.
Mas não é um Android "puro". A Alcatel colocou nele o que chama de launcher Joy, e para quem quer explorar mais um pouco, é possível personalizar algumas coisas. Dá para trocar a cor da barra inferior e escolher que ela suma que nem nos aparelhos da Asus e da Samsung, por exemplo.
Ativei o modo de uma mão, e pode ser bem prático. A tela pode ficar com até 3,5 polegadas, bem pequena, para dedos que não podem lidar com mais de 5 polegadas. Pena que a navegação fique mais complicada. Outra coisa que demora a acostumar é a falta do sensor biométrico, embora seja pedir demais por um preço baixo.
Dessa vez a bateria durou bem mais. Estou desde o primeiro dia sem recarregar, e termino esse terceiro dia com 15% ainda. Amanhã ele deve ir para a tomada.
Quarto dia - Me entendendo com a interface
Hoje ele realmente foi para a tomada. Perto do meio dia ele morreu e botei na recarga com seu recarregador, que vem com o fio embutido. Vinte minutos depois, ele tinha recarregado 10% da bateria, o que já daria para o uso de uma hora. Porém, duas horas depois ele ainda estava em 60%, e só chegou a 100% quase três horas depois de posto na tomada.
Por isso, é bom deixá-lo carregando enquanto dorme, dia sim, dia não. Aproveitando, fucei no que mais havia dentro da caixa. O conjunto é o mais simples possível: não há cabo USB, apenas o carregador, fones de ouvido dos mais simples e uma película, um extra legal.
Passeei pelo sistema e vi que a última atualização de segurança é de Junho de 2018. Supondo que é um Android Go e que deveria estar mais em dia, temi pelo fato de que ele deve ter saído de fábrica com essa atualização e que talvez não veja nenhuma outra.
Gostei da presença do Smart Manager, um extra da Alcatel em que você pode restringir a inicialização automática de alguns apps pós instalados. Ele não fez isso com todos, mas achei legal ter a possibilidade. Uma opção bem parecida é o DuraSpeed, onde você escolhe quais apps podem ser executados em segundo plano.
O launcher Joy pode ser como conhecemos o Android ou sem gaveta de apps, facilitando pra quem entende menos de tecnologia. Dá para escolher aplicativos e atalhos que ficam na tela de bloqueio, com acesso mais rápido, como calculadora, câmera, gravação de som e outros. Dois toques e você acessa, sem precisar desbloquear nada.
Também há um bloqueio de apps nativo. Você cria uma senha exclusiva, diferente da que bloqueia a tela, para bloquear o acesso a aplicativos. Bom para deixar o aparelho na mão de pessoas que entendem menos de tecnologia (para não entrarem nas configurações, por exemplo) ou para proteger mensageiros e outros.
A gaveta de aplicativos pode ser rearranjada por ordem alfabética, por data de uso ou por apps mais utilizados. A barra inferior pode ser escondida e aparece quando puxamos para cima no fim da tela, e podemos até trocar sua cor e a ordem dos botões virtuais. As notificações de cada app também podem ter cada uma sua cor, para facilitar a visualização.
Podem ser funções e opções estranhas para quem gosta de personalizar o aparelho, ou para quem não precisa disso, mas para quem não tem intimidade com tecnologia, como pessoas mais velhas, são configurações que podem ajudar.
Quinto dia - Tentando me adaptar
Para quem, como eu, está acostumada a interfaces mais limpas, nem sempre consigo me adaptar ao uso das modificações feitas pela Alcatel. Algumas coisas da interface me confundem, e não ajuda elas não funcionarem rapidamente.
Para poupar espaço, desativei alguns apps e desinstalei o pré instalado Facebook, mas há um "installer", um "manager" e um "services" do Facebook que eu só pude desativar. Não fez sentido algum. Com um pouco mais de espaço, resolvi instalar o Google Podcasts para ouvir alguns episódios.
Fui barrada, pois o apps Google Podcasts informa que precisa do aplicativo Google, e como o que eu tenho aqui é o Google Go, ele não reconhece e se mostra incompatível. Também fui ao YouTube Go, que tem a ótima opção de baixar os vídeos em diversas qualidades, mas não pude entrar em minhas outras contas do YouTube pois não há suporte a isso.
Resumidamente, o Android Go é para quem vai ficar no básico mesmo, com mensageiros, redes sociais tradicionais e os apps do próprio Android Go.
Sexto dia - Viajando e tirando fotos
Em um milagre na vida de uma redatora de tecnologia, pude viajar no final de semana e fiz algumas fotos. A câmera não é a mais rápida e as imagens ficam um pouco desfocadas nas bordas. É boa para registros do dia a dia, mas não para registrar uma viagem.
Há um modo HDR e a câmera frontal tem embelezamento, mas não há mágica aqui. A câmera tem outras funções bacanas, como um modo de foto quadrada para o Instagram e colagens de fotos, além de fazer vídeos em FullHD com estabilização eletrônica, embora também seja muito básico.
Ha até recursos de exposição longa e panorama. O app de calculadora é legal, tem conversão de moedas em tempo real e conversão de medidas. Sinto muita falta do display Always On que tenho no Moto Z3 Play, mesmo que seja para conferir a hora.
Sétimo dia - Voltando para a caixa
Hoje, encerro a minha experiência científica. Eu geralmente me acostumo a smartphones bem mais simples do que os topos de linha que testo, mas talvez um smartphone de entrada tenha sido demais. O Alcatel 1 funciona muito bem como um segundo aparelho, mas não como um principal, ao menos para mim.
Acho que smartphones de entrada não vão deixar de existir tão já, então é bom que o Google bote ordem na casa e ofereça apps que vão rodar de forma mais lisa. Nem todo mundo tem o mesmo uso pesado que eu tenho de um aparelho desses, então há um público, e muito dele está aqui no Brasil.
Quase 95% das casas brasileiras já possuem um smartphone ao menos, mas sabemos que a porcentagem de analfabetos funcionais é bem maior do que esses 5% restantes. Por isso, smartphones que servem para comunicação, registros rápidos e ligações precisam existir aqui ainda. E que bom que haja alguém tentando melhorar isso.
O melhor do Android Go foi certamente os apps Go oferecidos, que ficam mais rápidos em aparelhos mais simples. Oferecem funções mais de acordo com o tipo de usuário desses aparelhos e dão um real uso a eles. A Alcatel colocou alguns extras legais no aparelho, bons para quem tem uso simples.
Quem está mais dentro do mundo da internet como nós não tem paciência para esperar os 5 segundos que uma imagem no WhatsApp demora para abrir, mas muitas pessoas de idade, pessoas mais velhas e mais simples não ligam para isso. E eu espero ver um novo Android Go junto com o Android Q.
Ficha técnica do Alcatel 1
- Dimensões: 147.5 x 70.6 x 9.1 mm;
- Tela: 5,3" IPS 480 x 960 pixels, 18:9, 203 ppi;
- Processador: Mediatek MT6739 Quad-core 1.3 GHz;
- RAM: 1 GB;
- Armazenamento: 8 GB;
- Slot para microSD de até 32 GB;
- Câmera traseira: 8 MP, f/2.0;
- Câmera frontal: 5 MP;
- Bateria: 2.000 mAh;
- Android Oreo 8.1 Go Edition.
Você ja usou um Android Go?
Eu acho que a questão é mais público alvo do que qualquer outra questão de memória ou etc. Telefone assim eu imagino voltado para idosos, crianças ou etc, que honestamente nem vão saber o que são "gigas". Ou para mercados emergentes que só precisam do "zap zap" funcionando. Ops.
É exatamente isso
Esse negócio de Android GO não vai vingar. Qualquer um que entenda um pouco do assunto, vai preferir comprar um top de linha antigo, que tem muito mais recursos, desempenho e qualidade pelo mesmo preço de um celular com Android GO. E com relação a updates, vivemos no mundo do Android, o que não falta é custom rom baseada nos androids mais recentes para esses celulares mais antigos.
Eu já usei o Android GO. E já usei a CyanogenMod/LOS, que além de ser mais leve que o Android GO, tem mais recursos. Até um outro dia pessoal.
Ótima matéria. Queria ver o reviews dele no YouTube. Me interessei por ser um aparelho com o Oreo e custar tão barato. A Motorola parece que não entendeu o conceito de entrada e fez o Moto e5 play que custa mais de R$800,00. O da Positivo parece bonito, mas não achei muitos reviews por aí.
Adoraria experimentar o Android Go, quero muito que dê certo.
O problema desse aparelho da Alcatel (fora toda a questão que norteia aparelhos do programa Android Go) parece justamente ser a UX que ela colocou nele.
Para uma fabricante que estava acostumada a trabalhar com algo mais próximo do que a Google sugere, ver uma UX esquisita em um aparelho como o 1 acaba sendo um ponto controverso nessa história.
Até a Samsung Experience 9.5 "capada" dos Galaxy J2 Core e Galaxy J4 Core ornou melhor (e olha que a "capada" foi "feia", lembrando o que foi feito no que originou a TouchWiz Nature UX 3.0 Lite, apresentada em aparelhos como o famigerado Galaxy Pocket 2).
Mas como é o preço que está ditando as regras...
Tenho um Android com 8GB rodando lollipop. Eu o odeio.
Cara, meu Moto G1, que está aqui em casa para pesquisas pelos meus pais, também me dá nos nervos.
Ler esses comentários me faz pensar como o Android tem como evoluir em relação ao iOS...
Meu segundo celular é um J6 com 2gb de ram. Quem quer um segundo aparelho esse da Alcatel por 400 reais ta de bom tamanho.
400 reais eu compro um Moto X2 rodando custom rom baseada no Android oreo ou pie
Na minha opinião, é apenas um aparelho pra quem não quer gastar muito.
Na conclusão você resumiu tudo Stella, é um boa opção de segundo aparelho. Acho que também cai bem como aparelho para uso de trabalho, quando se precisa de opções básicas e mensageiros, de resto, fica difícil pelas limitações.
Parabéns pela Matéria. Muito interessante.
Por mais que esse tipo de aparelho não atenda a maioria dos usuários desse site (como eu por exemplo) a gente sempre se depara com algum amigo ou parente que pede indicação de um aparelho mais básico. Como diz minha tia "só pro zap mesmo".
Por conta disso é bacana a gente se inteirar em relação a esse tipo de smartphone.
Que venham mais análises como essas !!!
:) Obrigada
Eu que agradeço pela matéria Stella.
Uma semana de sofrimento. Parabéns pela paciência Stella.
Acho que pela faixa de preço ele é um aparelho bem justo, a única coisa inconcebível é a quantidade de memória. Menos de 16Gb hoje é impraticável!
E o pior é que esse é o padrão para os Android Go. o Redmi Go tá vindo aí com os mesmos 8 GB.
Sendo sincero a matéria é boa! Mas acredito que a Google deveria colocar alguns requisitos mínimos obrigatório por exemplo 2 ram e 16 de armazenamento para aparelhos de entrada assim como tela HD! Talvez assim o usuário tivesse mais liberdade para instalar apps! Para um usuário de entrada com esses requisitos que falei seria uma boa opção!