Review do Motorola Moto G100: crise de identidade
O "Moto G mais poderoso de todos os tempos", destacou a Motorola ao anunciar o Moto G100 em diversos mercados, inclusive o Brasil. Junto com o upgrade de especificações, porém, veio um aumento de preço que afastou o celular da faixa de mercado tradicionalmente ocupada pela família Moto G. Mas será que o custo-benefício do Motorola acompanhou todos estes upgrades? É o que o NextPit responde neste review.
Prós
- Desempenho excelente e estável
- Ótima autonomia de bateria
- Boa tela, apesar de LCD e "apenas" 90 Hz
- Saída para fone de ouvido e entrada para microSD
Contras
- Câmera pouco versátil
- Sem recarga sem fio
- Sem certificação IP
- Política de atualização abaixo da média
- Preço demorou a cair no Brasil
Motorola Moto G100 direto ao ponto
O Moto G100 quebra a tradição da família de celulares ao adotar o potente processador Qualcomm Snapdragon 870. O componente é basicamente uma versão atualizada do chip 865 que equipou a maioria dos aparelhos topo de linha em 2020. Ao mesmo tempo, a melhoria técnica foi acompanhada por um salto de preço também considerável, lançado a R$ 3.999 no Brasil.
Para efeito de comparação, o valor é seis vezes maior que o do lançamento do Moto G original, que estreou no Brasil por R$ 649. ainda na época em que a empresa era subsidiária do Google e as redes móveis faziam a transição do 3G para o 4G. Confira o review do Moto G original para relembrar do aparelho.
Na data de publicação deste review, o Moto G100 pode ser encontrado por R$ 2.499,00, perto do menor valor cobrado no modelo. Pelo preço, o cliente recebe uma enorme tela LCD de 6,7 polegadas, com taxa de atualização de 90 Hz, o já citado processador topo de linha, conexão 5G, câmera tripla com sensor principal de 64 MP, além de uma bateria de 5.000 mAh com carregador incluído de 20 W.
Design e tela: pura receita Motorola
O Moto G100 traz o visual já tradicional dos celulares Motorola, com uma ampla tela e bordas razoavelmente discretas na parte frontal e uma traseira com acabamento plástico, em que se destacam o módulo de câmera e o logotipo da fabricante, mas sem o tradicional leitor de digitais.
O que gostei:
- Acabamento plástico de boa qualidade;
- Tela correta, apesar de tecnicamente inferior aos rivais;
- Saída para fones de ouvido.
O que não gostei:
- Alto-falante mono;
- Sem certificação IP.
Apesar do aparelho ser um pouco grande demais para o meu gosto, a preferência do mercado é claramente esta, então encaixe esta característica no campo acima que se alinha com o seu gosto pessoal.
Seja como for, o Moto G100 é um aparelho bem construído, com um atraente acabamento degradê para a tampa plástica traseira. Ao invés de instalado sob o logotipo da marca, o leitor biométrico está localizado no botão de liga/desliga, posicionado na lateral do aparelho. Quem está acostumado com celulares grandes rapidamente se acostuma com a localização dos botões no celular, que têm boa resposta táctil.
A tela LCD tem bom nível de cores e contraste, mesmo para este humilde jornalista acostumado com displays AMOLED. Além disso, a taxa de atualização de 90 Hz oferece animações fluídas na tela, ainda que não ofereça os 120 Hz encontrados em modelos rivais como o Redmi Note 10 Pro ou Galaxy S20 FE.
Considerando o mercado em 2021, o Moto G100 ganha ponto ainda por incluir uma saída para fones de ouvido. Por outro lado, perde pontos pela saída mono do alto-falante e por não incluir uma certificação IP para resistência à água e poeira.
Desempenho e sistema: destaque do Moto G100
Quem está acostumado a ver os celulares Moto G equipados com processadores intermediários Snapdragon 600/400 até se surpreende ao encontrar o Moto G100. O desempenho do Snapdragon 870 é digno de um smartphone premium e ainda traz suporte a conexões 5G.
O que gostei:
- Ótimo desempenho, sem problemas de estabilidade;
- Competente em games;
- NFC para pagamentos;
- Expansão com cartões microSD;
- 12 GB de RAM no Brasil.
O que não gostei:
- Propagandas na interface;
- Histórico pouco animador de atualizações de versão e segurança.
Enquanto o SoC Snapdragon promete desempenho de sobra por alguns anos, as atualizações prometidas para o aparelho desanimam, seguindo o histórico atual de apenas uma nova versão do sistema Android e dois anos de atualizações de segurança — o que em termos práticos significa o Android 12 e correções de segurança até março de 2023.
Outro destaque em termos de hardware é a configuração de memória no Brasil, com 12 GB de RAM e 256 GB de armazenamento — no exterior, a Motorola vende uma versão com 8/128 GB. Além disso, o Moto G100 é compatível cartões de memória microSD e sistemas de pagamento via NFC.
Benchmarks | Motorola Moto G100 | Samsung Galaxy S20 FE | Motorola Edge 20 |
---|---|---|---|
3DMark WildLife Stress Test | 4172 ~ 4193 | 3513 ~ 3932 | 2461 ~ 2494 |
Geekbench (single/multi) | 950 / 2816 | 901 / 3222 | 768 / 2776 |
AnTuTu | 680.582 | 647.121* (ranking geral no app) |
n/d |
O Moto G100 rodou sem problemas games como Call of Duty Mobile, Free Fire e Genshin Impact, este último com gráficos em qualidade alta e taxa de quadros a 60 FPS. E como mostra o resultado do 3D Mark Stress Test, o Snapdragon 870 não apresentou problemas de gargalo térmico ou superaquecimento, com uma pontuação estável no benchmark.
Por outro lado, apesar das modificações de sistema da Motorola serem razoavelmente discretas, com direito a um prático painel de jogo com atalhos para transmissões via Twitch, gravação de tela e bloqueio de ligações e notificações, a skin da marca inclui propagandas nas notificações de sistema. E algumas pessoas podem achar excessiva a quantidade de sugestões de recursos e configurações na interface, que lembra a hora inicial de alguns games dominados por tutoriais.
Motorola Moto G100 – Câmera
O Moto G100 tem um conjunto de câmera triplo, sendo que apenas duas delas são utilizáveis — o sensor principal de 64 megapixels e a câmera ultra-angular de 16 MP que também funciona para macros —, os outros dois círculos no conjunto de câmera abrigam o sensor de profundidade de 2 MP e um sensor ToF (time of flight), que na teoria têm funções semelhantes, mas este último é usado para autofoco laser.
O que gostei:
- Modo macro funcionou melhor do que o esperado;
O que não gostei:
- Módulo pouco versátil;
- Reprodução de cores um pouco desbotada.
As fotos do Moto G100 em boas condições de iluminação são corretas e bastante usáveis para compartilhamento em redes sociais e apps de mensagens. O processamento de cores tende para uma reprodução mais natural, porém com um resultado que parece um pouco desbotado.
Por padrão, a câmera principal gera imagens de 16 megapixels, usando o recurso de combinação de pixels (pixel binning). É possível utilizar o modo "Ultra-res" para gravação de arquivos com a resolução original do sensor de 64 megapixels. Já a câmera ultra-angular grava arquivos de 16 megapixels, mas com uma clara perda de detalhes, especialmente nas fotos com pouca luz.
Falando em fotos noturnas, o modo Night Vision repetiu as impressões relatadas pela Camila Rinaldi no review do Moto G30, com a perda de muitos detalhes, especialmente em fotos sem tripé, graças ao tempo de exposição necessário. As fotos com o modo desligado tiveram um resultado melhor do que o esperado, com bom nível de detalhes, ainda que com um certo nível de ruído.
O modo macro também teve resultados melhores do que sugere a sua configuração híbrida — usando a câmera ultra-wide. Apesar do resultado não ser bom o suficiente para impressões ou ampliações, as imagens são muito superiores às dos (muitos) modelos com câmeras macro dedicadas com 2 megapixels...
Este uso híbrido da câmera ultra-wide faz questionar porque a Motorola não fez o mesmo com o sensor ToF do Moto G100, que poderia assumir as funções do sensor de profundidade e abrir espaço para uma câmera teleobjetiva, encontrada no Galaxy A72, por exemplo.
A economia aplicada no conjunto traseiro não afetou a câmera de selfie, que conta com duas lentes, uma principal com campo de visão de 73° e uma ultra-angular com 118°. As imagens são levemente mais saturadas na câmera ultra-wide, mas ambas cumprem bem o seu papel, assim como o modo retrato, em ambos os casos sem os exageros do "filtro de beleza", que felizmente é ajustável no app de câmera.
Autonomia de uso excelente
O Moto G100 acompanha o carregador Turbo Power de 20 W na embalagem, responsável por alimentar a bateria de 5.000 mAh.
O que gostei:
- Excelente autonomia da bateria.
O que não gostei:
- Carregamento não tão rápido;
- Sem recarga sem fio.
Durante o teste, a autonomia de uso foi um dos destaques do Moto G100, com aproximadamente dois dias de funcionamento com uso médio. Não seria surpresa caso o uso dos recursos de economia de energia estendesse o tempo para um dia adicional, dependendo dos aplicativos e games usados, claro.
Na contramão das conterrâneas chinesas, a Lenovo não equipou o Moto G100 com carregamento rápido, há alguns anos o carregador "Turbo Power" não merece esse nome, com tempos de recarga completa de aproximadamente 1h45min. O ritmo de recarga é semelhante ao do Samsung Galaxy S20 FE, que tem capacidade e potência de carga inferiores.
Recarga | Motorola Moto G100 | Samsung Galaxy S20 FE |
---|---|---|
5 minutos | 7% | 6% |
20 minutos | 26% | 25% |
1 hora | 74% | 65% ~ 75% |
100% | 1h45 | 1h40 |
PCMark Battery Life | 18h50min | 12h12min |
Ficha técnica e outras informações
Listo abaixo outros pontos que podem interessar à comunidade NextPit, mas não mereciam parágrafos adicionais:
- A versão do software durante o teste foi a RRTS31.Q1-84-24-1-4 (setembro / 2021);
- Após a redefinição do aparelho atualizado, o sistema indicava 21,53 GB usados;
- A embalagem do aparelho testado incluia o carregador de 20 W, cabo de recarga, capa de proteção e a ferramenta de abertura da bandeja SIM;
- O Moto G100 usa a técnica de partições para instalação mais rápida de updates.
Conclusão do Moto G100: altos e baixos
O Moto G100 é uma mistura de pontos fortes e fracos, com um desempenho impecável graças ao processador Snapdragon 870 e a compatibilidade com 5G, uma tela que no papel fica atrás da concorrência mas na prática é perfeitamente adequada, e uma excelente autonomia da bateria.
Por outro lado, a câmera pouco versátil, a fraca política de atualizações da Motorola e a ausência de recursos como certificação de resistência à água e poeira, além da recarga sem fio tiram o potencial do aparelho de ser um autêntico "flagship killer".
No Brasil, há o agravante dos preços do aparelho terem demorado para cair. A forte concorrência do Galaxy S20 FE, com um melhor equilíbrio de recursos e preço geralmente 30% inferior, dificultavam uma recomendação de compra do Moto G100, que é um bom celular, mas parece levar a sério demais o título de "Moto G mais potente".
No decorrer dos próximos meses — e talvez a chegada de mais rivais da Realme, Samsung, Xiaomi e outras fabricantes — vale acompanhar promoções do Moto G100. Caso a Motorola consiga manter ou reduzir o preço atualmente encontrado de R$ 2.500, o celular tem tudo para se estabelecer como uma opção competitiva, e quem sabe fazer jus ao nome da linha campeã de vendas da Motorola.
O único atrativo deste gadget seria o recurso ready for , não gosto de celulares grandes , não curto falta de regularidade em atualizações e independe do preço e specs não compraria
Incrível como a Motorola by Lenovo consegue ser tão ruim... O hardware em si não é mas o software é uma das coisas mais patéticas que existe. Android pouco modificado o que deveria facilitar updates, nem os patches de segurança são regulares.
Gastar dinheiro com uma empresa dessas é furada pra mim.
Pra não dizer que não tem nada que eu goste no software deles as funções por gestos e o Moto Display são muito bons, quando tive um Motorola by Google era algo que eu gostava de usar.
Eu complementaria essa matéria da seguinte forma:
Em se tratando da Motorola e a Google, não existe um casamento perfeito; pois a Motorola equipa seus aparelhos com a "pseudo interface Moto", como sendo Android puro, mas que na essência não é nem uma coisa nem outra❗
Pena que a Google não tenha nenhum interesse em vender a linha Pixel por aqui, afinal entre uma cópia poluída do Android Puro (presente nos Moto G da vida), os apreciadores do autêntico Android Puro, certamente iriam preferir o da linha Pixel🤔
Ambos estão em faixas de preços distintas. Mesmos os Pixels intermediários seriam vendidos aqui a preço de topo.
Querer não é poder, então a maioria continuaria com os Moto Gs, pois são consumidores de aparelhos não tão caros.
E tem o agravante de sem montar o aparelho no Brasil ser praticamente impossível competir em termos de custo-benefício.