Samsung: 4 anos de atualizações é o novo "matador de flagship"
A Samsung anunciou recentemente que oferecerá até quatro anos de atualizações de segurança do Android para alguns de seus smartphones, mesmo os intermediários como o Galaxy A52, que deve ser apresentado nesta quarta-feira (17). Mas será que isso torna os smartphones da fabricante mais duráveis?
Uma das principais causas da obsolescência programada dos smartphones, além da falta de peças de reposição disponibilizadas pelo fabricante, é a manutenção do software. Este é particularmente o caso do Android, que é um dos sistemas operacionais mais fragmentados do mercado e peca em regularidade e pontualidade de atualizações.
Embora a maioria dos fabricantes tenha se comprometido a oferecer, em média, dois anos de atualizações importantes (versões Android) e três anos de patches de segurança como exigido pelo Google, esta promessa é principalmente para topos de linha. Para os smartphones de nível básico e intermediário, o famoso "suporte de software" é muitas vezes muito menos extenso, com algumas exceções.
É lógico que um smartphone de alta qualidade vendido por cerca de R$ 8.000 tem uma probabilidade maior de ser atualizado regularmente e por mais tempo, já que o investimento do comprador se justifica aí.
Mas é menos justificado, embora bastante lógico, que um smartphone de 1.300 ou 2.000 reais seja privado de atualizações apenas um ou dois anos após o seu lançamento. Logo, a decisão da Samsung de oferecer 4 anos de suporte de software deveria me encher de alegria e esperança, certo? De modo geral, não.
Software em vez de hardware para uma melhor durabilidade
Na verdade, esta questão depende realmente da definição que damos à noção de relação custo-benefício. Ou temos as melhores especificações técnicas ao melhor preço, uma relação custo-benefício imediata; ou temos um smartphone que simplesmente permaneça funcional por mais tempo, uma relação custo-benefício a longo prazo.
Peguemos o iPhone SE 2020 como exemplo aqui.
Muitos tecnófilos, incluindo eu mesmo, decretaram que o aparelho se enquadrava como "nível básico" por conta da sua ficha técnica mediana em comparação aos dispositivos Android, e ainda assim a Apple teve a audácia de vender o aparelho a partir de R$ 3.699 no ato do lançamento.
Sim, é inegável que a relação preço/desempenho do iPhone SE 2020 era, no papel, inferior a muitos de seus concorrentes Android a preços equivalentes (relação custo-benefício imediata). Mas quantos desses mesmos concorrentes poderiam afirmar que ainda estariam atualizados dentro de 5 anos, como o iPhone SE 2020? A resposta é nenhuma (relação custo-benefício a longo prazo)!
De que adianta ter uma ficha técnica sólida e um preço competitivo se meu smartphone só receberá uma atualização do Android e apenas dois anos de patches de segurança a cada três ou até seis meses?
Podemos até dizer que as especificações são efêmeras e destinadas a serem ultrapassadas após alguns meses de qualquer forma, especialmente na categoria de gama média e de nível de entrada. Também podemos nos concentrar na atualização do software, mesmo que isso signifique fazer concessões ao hardware.
Considerando isso, a promessa da Samsung de "manter vivos" até mesmo alguns de seus smartphones mais acessíveis parece perfeitamente apropriada. Mas, em minha opinião, não há absolutamente nada de transcendental nisso. E isso é intencional, ou calculado por parte da Samsung.
A sustentabilidade é um modelo de negócios saudável para os consumidores, mas muito pouco rentável para os fabricantes. Portanto, não espere milagres ou que os smartphones abaixo de 2.800 reais se beneficiem da mesma longevidade de software que os carros-chefe, com algumas exceções.
Grande atualização vs. patch de segurança: durabilidade tem preço
Adotando a lógica da ligação entre durabilidade e atualização de software, poderíamos dizer que existe um paradoxo em termos de relação custo-benefício entre os chamados smartphones Android acessíveis e a vida útil de software. Este paradoxo é ainda mais crítico entre smartphones de médio e alto nível em termos de especificações técnicas nos últimos anos.
A questão das atualizações continua sendo, portanto, um dos últimos critérios para separar o mercado de gama média e alta. Seria muito contraproducente para um fabricante apagar esta linha de demarcação, prolongando a expectativa de vida de seus modelos mais baratos e, portanto, menos lucrativos.
Sim, quatro anos de atualizações de segurança não significa quatro anos de atualizações do Android para todos os smartphones da Samsung. Todos nós sabemos a distinção entre atualizações importantes, para cada nova versão do Android, e atualizações de segurança para correções de bugs e vulnerabilidades.
Os últimos tendem a ser mais importantes que os primeiros há algum tempo, mas para o consumidor médio, as novas versões do Android são mais tangíveis do que um "remendo" de segurança.
Certo, então a Samsung é um mau exemplo, já que é uma das empresas com melhor desempenho quando se trata de atualizações do Android? O fabricante está tentando acompanhar o Google e oferecer três versões do Android para alguns de seus smartphones, mesmo de gama média. É o caso do Samsung Galaxy A51, por exemplo, que foi vendido por R$ 2.199,00 no momento do lançamento e deve, portanto, receber o Android 13 em 2022. Um software mais avançado do que muitos topos de linha vendidos a duas ou até três vezes mais caros.
Mas essa comparação com o Google engana. De fato, a Samsung oferecerá quatro anos de atualizações de segurança. Exceto que o próprio envio de patches de segurança é dividido por trimestre, dependendo do preço ou da importância do smartphone, ao contrário do que é feito nos Pixels do Google.
Assim, a Samsung detalha que alguns smartphones receberão atualizações todos os meses, principalmente os carros-chefe e algumas exceções mais acessíveis. Para os aparelhos de gama média e de gama alta antigos (Galaxy S9 em diante), o lançamento será a cada trimestre, portanto a cada três meses, mas apenas por dois anos. Para os dois anos restantes, as atualizações só chegarão duas vezes por ano.
Assim, enquanto estas atualizações continuarão por quatro anos em vez de três, em alguns casos as atualizações serão muito menos frequentes. Logo, será que ter atualizações por mais tempo, mas com cada vez menos frequência, realmente torna os smartphones mais duráveis? Eu acredito que não, pelo menos não para os modelos intermediários.
Durabilidade e smartphones intermediários são incompatíveis!
A disparidade nas atualizações entre a gama média e a gama alta é obviamente motivada por razões financeiras. A manutenção deste software representa um custo em mão-de-obra, mas também em termos de fabricação. Um custo que não é amortizado, pelo menos aos olhos do fabricante, pelo preço mais baixo de seus modelos a preços acessíveis em comparação com os carros-chefe cujas margens são mais relevantes.
Mas, a meu ver, o problema está principalmente no fato de que um smartphone acessível não dura muito mais do que dois anos atualmente. Nossa enquete da semana passada mostrou isso. Perguntamos para a nossa comunidade internacional quais são os critérios de compra de um novo smartphone e o resultado ilustra isso.
A maioria simples dos entrevistados, 47%, disse que compra um novo smartphone a cada dois anos. E a maioria absoluta das pessoas que responderam à pesquisa (51%) colocou o investimento em um novo smartphone em cerca de R$ 2.700. É precisamente porque os smartphones acessíveis são um fardo menor para as fabricantes a longo prazo quando o assunto são atualizações do sistema que passaram agora a receber até quatro anos de updates de segurança pela Samsung.
Exceto por razões ambientais, nenhum fabricante tem qualquer interesse em tornar seus smartphones intermediários ou de entrada mais duráveis.
Sim, essa lógica também poderia ser invertida, como a história da galinha e do ovo. As pessoas trocam de smartphone a cada dois anos porque não recebem atualizações após dois anos. Ou, os smartphones acessíveis deixam de ser atualizados após dois anos porque as pessoas deixam de usá-los após dois anos.
Acredito que ambas afirmações são igualmente válidas, por isso, vou deixar você escolher a sua. Pessoalmente, prefiro a última afirmação. Provavelmente é o meu ceticismo que me faz pensar assim, mas estou convencido de que a sustentabilidade está relacionada, antes de tudo, aos hábitos de consumo.
É de nossa natureza querer sempre mais e melhor do que aquilo que temos no momento. Há uma razão pela qual a obsolescência do marketing, não a obsolescência programada, funciona tão bem. A chantagem da novidade prevalecerá quase sempre enquanto permanecer rentável, tanto para os fabricantes como também e especialmente para os compradores.
Mas como acontece com frequência, quero estar errado e ver meu pessimismo contrariado por uma consciência do mercado e de seus atores. Talvez este aumento da durabilidade dos smartphones intermediários comece uma transformação deste segmento de mercado. Mas será que um smartphone de gama média e de alto desempenho pode também ser durável e ainda assim ser acessível?
Na verdade, tops antigos passam a receber patches trimestrais depois de 2 anos de atualizações mensais, e recebem apenas por 1 ano, quando só receberão mais dois patches no último ano.
Com sorte, depois do término dos 4 anos, a Samsung ainda manda uma última atualização que revisa o último patch, como aconteceu com praticamente todos os aparelhos que ficaram no Android 7.0 Nougat.
Estou achando interessante essa medida, visto que, não precisarei trocar de smartphone tão cedo. O meu está funcionando perfeitamente, tem um ótimo desempenho além de ter um acabamento Premium, o que a Samsung está deixando de fazer em seus dispositivos. O Samsung S20 tinha acabamento na tampa traseira de vidro, a partir da linha Note 20, é plástico. Apenas O S21 Ultra é completíssimo, os outros dois estão mais para coadjuvantes. E os preços destes, nas alturas, aliás, estão todos muito caros. Consegui comprar meu Samsung Galaxy Note 10, numa promoção imbatível, na época, paguei cerca de 3,25k (tinha vendido o Note 10) e praticamente o quitei. Desse modo, com três anos de atualização, acho que só vou precisar trocar, acho que depois de 2024.
Sinceramente, acho que a maioria dos usuários não ligam para atualização de sistema e segurança. Tirando os que acompanham tecnologia. O povo quer saber se app A roda no aparelho B e por ai vai.
A concorrencia esta forçando a samsung a tomar estas medidas , como já comentei anteriormente, prefiro receber patches de segurança do que as atualizações cosméticas de OS