One UI 4.0 em teste: um conflito entre originalidade e submissão
Após otimizar suas políticas de atualização de software, construir novas pontes com o Google e colocar os smartphones dobráveis no mapa de forma definitiva, a Samsung fecha o ano com o envio da atualização da One UI 4.0 para os principais lançamentos de 2021.
Este é um grande feito para uma empresa que até pouco tempo era considerada uma das mais atrasadas no envio de updates do sistema operacional Android. Porém, isso não deve ser visto como mérito da Samsung, mas um dever, dado que é a fabricante com a maior fatia de vendas no mercado de celulares.
Contudo, colocar a casa em ordem tem um preço. A One UI 4.0 não traz novos recursos, mas adaptações ao sistema operacional Android 12 que, muitas vezes, não se encontram integralmente implementadas. Mas seria isso positivo ou negativo?
A integração parcial do Material You
Desde a versão beta, estou testando a nova One UI 4.0 no Samsung Galaxy S21+, mas meu celular principal é o Google Pixel 6 Pro. Logo, é difícil não comparar interfaces e experiências de uso sempre que mudo de um modelo para o outro. E, neste sentido, posso afirmar que o conceito do Material You foi verdadeiramente abraçado pela Samsung.
O tema dinâmico do Android 12 funciona de forma similar na One UI, com a assimilação das cores do wallpaper do celular em diferentes elementos do sistema operacional e aplicativos. Assim como nos dispositivos Pixel, o Galaxy S21+ também oferece variadas paletas de cores, mas não permite, no entanto, escolher entre cores básicas.
Outra diferença é que a customização dos ícones dos aplicativos é aplicada apenas aos apps da Samsung. Desta forma, serviços do Google ou de terceiros, mesmo contado com a adaptação para o Material You, não serão modificados. Isso torna a experiência com a One UI inconsistente. O que ocorre aqui, no entanto, é que a Samsung teve que criar o próprio mecanismo de tema dinâmico, dado que o Google não compartilhou o sistema "Monet" com as fabricantes parcerias.
A nova diretriz de design do Android 12 também é caracterizada pelas formas e, neste sentido, a One UI mantêm sua essência. A barra de notificações, os ícones de atalhos rápidos e a tela de configurações não mudaram muito. Apesar da integração com o tema de cores, ainda seguem o padrão anterior, com ícones pequenos e oferecendo a maior quantidade de informação na tela possível.
Os widgets da Samsung também não mudaram muito. É claro que os serviços do Google, como YouTube Music ou Google Keep podem ser usados nos Galaxy com as formas arredondadas do Material You, mas o widget de Relógio da Samsung não segue o padrão daquele que vem do Google Pixel. Pessoalmente, vejo isso de forma positiva, pois garante originalidade à One UI.
De forma geral, a interface da Samsung é um pequeno recorte da parceria com o Google, ou seja, a One UI 4.0 abre concessões ao Android 12 para manter a saúde da relação.
Novas e bem-vindas funções de privacidade
Em relação aos recursos de privacidade bastante explorados no Android 12, a Samsung adotou a mesma clareza e transparência que vimos o Google finalmente assumir. O painel de privacidade foi movido para o menu de privacidade, os alertas de uso dos sensores são pontuais e confiáveis, e você pode optar por dar ou não acesso à sua localização precisa.
A tecnologia "Android Private Compute Core", que faz o processamento das informações pessoais no Android 12 direto no celular também está disponível nos dispositivos Galaxy, mas agora chama Inteligência do sistema Android, como nos aparelhos Pixel. Isso significa que o processamento de dados de recursos que utilizam AI e ML permanecem privados.
Perdas e danos
Se por um lado tivemos ganhos em aplicativos como o da câmera, que agora mostra o nível de zoom de forma numérica, ou o Samsung Health, que está mais inclusivo ao oferecer mais opções de gênero. Do outro, a Samsung causou danos com o sequestro de 4 GB do armazenamento interno do celular para a memória virtual.
Isso porque o recurso RAM Plus está ativado por padrão na One UI 4.0 e, até o momento, não pode ser desativado nos aparelhos Galaxy rodando o novo SO. Este talvez não seja um problema realmente grave nos modelos topo de linha da fabricante, mas vem sendo bastante criticado por não oferecer escolha aos donos dos aparelhos.
Além disso, a atualização do sistema operacional de alguns aparelhos não ocorreu de forma fluída, com bugs relacionados à taxa de atualização adaptativa da tela e quedas repentinas de performance.
No Galaxy S21+ que estou usando, tive apenas problemas com a atualização adaptativa, que alternava de 120 Hz para 60 Hz sempre que tirava o dedo da tela. Porém, isso não afetou minha experiência com o sistema de modo geral e a Samsung já enviou um update corretivo para ambos os erros.
Conclusão
A One UI 4.0 mostra claramente que a Samsung está dividida entre manter as características da interface do próprio software e, ao mesmo tempo, submetê-lo às decisões do Google. Isso sempre aconteceu, mas de forma velada. Porém, com o Material You podemos notar os tentáculos da gigante das buscas se expandirem, se mostrarem mais presentes.
Leia também: Por que o Android 12 é tudo que espero de um sistema operacional
Seria isso positivo ou negativo? Depende! De um lado a Samsung acelerou o processo de atualização dos seus smartphones, liberando o Android 12 para os flagships de 2021 apenas um mês depois que o Google enviou a atualização para os celulares Pixel. Isso deve ser celebrado. Até o final do ano, a lista de smartphones Galaxy rodando com a One UI 4.0 deve ser a maior já vista até aqui.
Pessoalmente, quando se trata de interfaces para celulares Android, fico com o Google e a Samsung. Entretanto, os dois em um lugar não me agrada muito. O que sinto na One UI 4.0 é que a Samsung adaptou parcialmente alguns recursos marcantes do Android 12 à sua interface e não teve tempo de trabalhar em funções emblemáticas para o próprio ecossistema Galaxy.
Por fim, a One UI 4.0 vai agradar quem já está acostumado com a experiência Samsung, bem como quem deseja ter um smartphone customizável ao nível do Android do Google. Porém, senti a falta de pelo menos um grande recurso apresentado pela Samsung. Por isso, minha expectativa de arrebatamento se volta toda para a One UI 4.1!
E você, o que achou da nova interface da Samsung baseada no Android 12? Possui um smartphone Galaxy que já recebeu a atualização? Estou curiosa para saber quais são as suas impressões!
A One Ui até evoluiu com o tempo, para mim o melhor recurso é o gravador de chamadas nativo, modo também de hibernar aplicativos, funciona razoavelmente bem. o resto no meu entendimento é mais perfumaria mesmo.
Recurso bom, é aquele que tem utilidade.
Esse RAM Plus, confesso que não sei ainda direito o sentido dele, seria interessante, o seu funcionamento para tornar o sistema mais otimizado, agora, os aparelhos com menos RAM, teria mais sentido o seu uso.
Já pode criticar o eterno design horrível dos ícones da Samsung? Felizmente eles nos deixam trocar isso com os temas kkkkkkkkkkkkkkkkkk
Se olhar bem toda interface customizada tem ficado com a mesma cara misturando um pouco de iOS e Android, não tem como fugir... Ao menos aquela pequena curva de aprendizado que tínhamos quando trocávamos de marca de smartphones se perde dentro do Android.
OneUI não trouxe tantas novidades mas ainda tem mais recursos próprios do que o Android "puro" dos Pixel. O importante é ir mantendo o bom ritmo de atualização e trazer a melhor experiência para o smartphone.
Hahahha eu pensava que era só eu que achava esses ícones da Samsung feios.
Camila, essas memórias RAMs emuladas são mesmo necessárias e fazem diferença? Ou é só mais uma modinha?
Eu lembro que usar memoria interna pra cache de RAM era comum na época dos 1GB (o famoso Swap), mas hoje a maioria dos aparelhos vem com muita RAM, principalmente os topos. Não consigo ver necessidade disso hoje em dia.
O Galaxy S21+ possui 8 GB de RAM, então o impacto na performance por conta disso não é realmente perceptível para mim. O multitarefas funciona muito bem os aplicativos são lançados rapidamente. Mas teria que fazer um teste dedicado para dar uma opinião neste sentido, aliás, seria bom fazer o mesmo em outros modelos intermediários também.
Em tese, deveríamos ter melhorias no multitarefas. E não é apenas a Samsung que usa essa técnica, muitas fabricantes chinesas fazem o mesmo. A questão da crítica por parte do recurso RAM Plus é o fato de não oferecer a opção de desativar o recurso mesmo, como acontecia no passado.
Ainda é a 1a versão da One UI 4.0 , com certeza ela também evoluirá
Pois é, essa é a tendência. A Samsung já trouxe muitas novidades ao mercado, basta pensar no Z Flip 3 e Z Fold 3. Espero que essas inovações cheguem ao software da fabricante em algum momento em 2022.
Achei que esse tipo de problema demoraria para ocorrer, mas esse dia chegou e está sinalizando o início de tempos complicados entre fabricantes de aparelhos (com suas interfaces proprietárias), que terão que "rodar em paralelo" sem causar incompatibilidades com a nova interface "Material You" que a Google implementou junto com seu sistema Android 12, e não será possível desinstalar. Será interessante acompanhar como isso vai funcionar, e o caso da Samsung já deu pistas disso. Um único sistema rodando duas interfaces proprietárias...🤔
Nessas horas que sistemas como o HarmonyOs e o Amazon FireOS podem induzir outras empresas a seguir esse caminho.
Quem sabe o que o futuro nos reserva, certo?
E aí começa toda a novela de "fragmentação" de novo?
aquela bagunça de Samsung experience, MotoBlur, e um monte de coisa que só servia de desculpa pra explicar porque demorava pra chegar a atualização no smartphone... pff
Então... Por isso que (sob meu prisma) foi equivocada a decisão da Google de "impor aos fabricantes" a sua interface para quem for utilizar o Android 12, sendo que os fabricantes já adotam a sua própria interface. Em suma o ponto de vista é o seguinte:
- A Google monopoliza o fornececimento do sistema Android, e de quebra empurra seu pacote de apps (em que alguns só ocupam memória). Agora ela quer usar o "Material You" para promover o Pixel 6 numa jogada de marketing, dentro dos smartphones de outros fabricantes, e isso vai gerar conflito de interesses entre a Goolge e os fabricantes.
verdade, mais incentivos para forks chineses na linha do que você disse do Harmony e FireOS...
E as chinesas já têm experiência em pegar o AOSP e criar skins próprias sem Google Play na terra natal...
o difícil é ficar sem os apps do Google, o embargo na Huawei parece que mostrou que sem YouTube, Google Maps e Google Play fica complicado vingar fora da China...