Hands-on do Motorola One Vision: uma visão do futuro
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O primeiro Motorola One, lançado no passado, chegou dividindo opiniões. Apesar do sucesso inquestionável do aparelho, o intermediário oferecia o famoso "pacotão ok", onde tudo era apenas "ok" e nada mais que isso. Neste ano, porém, a Motorola resolveu trazer algo com características bem distintas da primeira geração, entregando acabamento melhor, tecnologias úteis e algumas novidades. Há um abismo que separa o primeiro One do One Vision, deixando claro o objetivo da marca de nadar em águas mais profundas.
Motorola One Vision – Data de lançamento e preço
O Motorola One Vision já está à venda no varejo físico e online e também no site da Motorola. O preço sugerido é de R$ 1.999 (à vista) para única versão de 128 GB com 4 GB de espaço interno. As cores disponíveis são preto com reflexos em bronze e azul. A caixa acompanha carregador de 15 W, fones de ouvido no padrão intra-auricular e capa de silicone.
Motorola internacionalizado
Não tem como não olhar para o Motorola One Vision e lembrar de smartphones internacionais que estão fazendo sucesso lá fora, como os da Oppo, da Xiaomi ou da Huawei. O aparelho que testei tem a cor bronze, mas dificilmente você irá reconhecê-la ou chamá-la por esse nome, visto que sua tonalidade é tão escura quanto um preto convencional. O bronze está mais visível através dos reflexos da traseira que formam linhas e contornos bem elegantes.
Apesar da tela com proporção de 21:9, uma novidade no mercado nacional, o One Vision fica bem nas mãos devido a dois motivos: borda frontal reduzida e laterais da traseira curvas. É claro que alcançar todas as partes da tela com apenas uma mão não é uma tarefa fácil, mas o manuseio do produto em si é confortável. Felizmente, a Motorola removeu aquele logo da empresa que costumava ficar no rodapé da tela de seus produtos e passava a sensação de que as bordas poderiam ser menores.
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Os sensores da câmera traseira ficam empilhados em uma moldura saliente, seguidos pelo flash LED na horizontal. Há ainda um sensor biométrico na traseira com a logo da Motorola, entrada para fones de ouvido (eba!), USB-C, alto-falante mono e botões físicos de energia e volume.
O primeiro Motorola One chegou ao mercado com um notch largo no topo da tela, no estilo do iPhone X, enquanto a série Moto G7 traz uma versão em formato de gota, mais compacta. O One Vision oferece uma opção mais refinada usando um "furo" no canto superior direito da tela, semelhante ao do Galaxy S10e, outro diferencial do modelo em sua faixa de preço.
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Esse é o estilo de "furo" mais discreto para consumir conteúdo multimídia, pois ele não corta parte considerável de um vídeo, por exemplo, e não deixa o layout do sistema inconsistente. Para quem tem problemas com smartphones que usam revestimento em vidro, a Motorola envia na caixa do One Vision uma capinha de silicone que é capaz de protegê-lo e ainda tornar a "pegada" do smartphone mais confortável em alguns casos.
Cinema no bolso
A Motorola é a primeira fabricante a oferecer um display com proporção de 21:9 no Brasil, sendo esse aspecto o favorito entre diretores e produtores de filmes de Hollywood. Os ganhos com esse formato de tela são inúmeros, sendo possível, por exemplo, ler textos e conversas extensas sem a necessidade de muita rolagem na tela. O modo multi-janela do Android Pie também é outra função que agrega mais valor a esse formato.
Apesar do display ser mais "esticado" do que outros formatos, como o tradicional 16:9 ou o 18:9, o conteúdo que é exibido na tela do Motorola One não aparece distorcido, visto que uma boa parte do espaço no topo do display é dedicado aos ícones de notificações do sistema e à região onde fica o notch. Logo, o notch não se sobrepõe à interface do sistema e os aplicativos não ocupam 100% da área da tela, com exceção de vídeos e jogos. No caso destes, o "furo" é pouco perceptível, mas isso depende do tipo do conteúdo que é exibido.
Entre as configurações da tela existem três perfis de cor pré-definidos: natural, realçadas e saturadas. Gostei mais do perfil "realçadas" por manter as cores vívidas e equilibradas ressaltando a nitidez. Para jogos, contudo, a opção "saturadas" pode ser a melhor.
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A tela LCD do Motorola One Vision é certamente um dos pontos fortes desse modelo, junto do design, com brancos profundos e tons escuros bem representados. É claro que para um aparelho que traz uma super tela a tecnologia OLED fecharia o conjunto com chave de ouro, mas o LCD está compatível com a faixa de preço do produto e demais concorrentes do mercado.
Minha primeira experiência com uma tela de 21:9 foi no Motorola One Vision, e confesso que fiquei surpreso com as possibilidades e a usabilidade desse novo tamanho. Certamente é uma forma de ampliar o display sem comprometer o tamanho do dispositivo.
3 anos de Android
Como parte do programa Android One , o Motorola One Vision é um prato cheio para aqueles que se preocupam com a saúde do sistema em longo prazo e também prezam por poucas alterações visuais. Além das experiências Moto, como a Moto Tela e as Moto Ações, apenas o aplicativo de câmera é customizado pela fabricante para atender os principais recursos de câmera do modelo. O software se assemelha à versão encontrada nos Google Pixel.
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Segundo a Motorola, o One Vision tem upgrade garantido para o Android Q e R, além de três anos de atualizações mensais de segurança a partir do próximo mês (Junho). Entre as funções exclusivas do Android One está o Digital Wellbeing, o Bem-estar Digital, que ajuda o usuário a monitorar e gerenciar o tempo de uso do dispositivo.
Apps rodam sem alterações na tela de 21:9 do Motorola One Vision, ou seja, sem distorções e bem adaptados ao display mais estreito e alto. Existem recursos de usabilidade que tornam mais fácil a operação do sistema com apenas uma mão, embora isso não seja muito eficiente na maioria do tempo.
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O áudio tem tecnologia Dolby Audio incorporada, mas não há um equalizador dedicado ao som e sim perfis adaptativos e que otimizam a reprodução entre cinema, música e modo inteligente. A navegação por gestos está disponível de duas formas, sendo uma com o botão voltar fixado e outra sem.
Um novo processador para novos recursos
Os vazamentos estavam certos: o Motorola One Vision é o primeiro smartphone da Motorola que carrega um processador Samsung Exynos. Uma escolha inusitada, diga-se de passagem, mas que segundo os executivos da Motorola foi necessária para atender os recursos de Inteligência Artificial do sistema e do novo software da câmera. A empresa também nos confirmou que o Exynos 9609 deste dispositivo é um processador recém-lançado, que corresponde à série Snapdragon 700 da Qualcomm em termos de performance.
Ao menos entre os smartphones Galaxy, os processadores Exynos entregam bom desempenho e boa duração de bateria, mesmo rodando sob a interface do usuário One UI, que é consideravelmente mais complexa que o Android One Pie. Temos ainda 4 GB de memória RAM e 128 GB de memória interna, sendo o armazenamento outro grande diferencial do One Vision em sua faixa de preço.
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Super visão
Falamos há bastante tempo aqui no site que "megapixels" nem sempre são sinônimo de qualidade, e em muitos casos apenas de fotos grandes. O Motorola One Vision se propõe a fazer um trabalho mais apurado em termos de fotografia usando a resolução do sensor de forma diferenciada. A câmera na traseira é dupla, sendo um sensor de 48 MP (f/1.7) e outro de 5 MP (f/2.2), e há estabilização óptica que ajuda a garantir imagens mais nítidas e menos borradas ou tremidas.
O software não gera imagens com 48 MP devido à tecnologia Quad Pixel que combina quatro pixels em um "super pixel", gerando uma foto com 12 MP. A ideia dessa organização é mesclar camadas com exposições, detalhes, cores e constrastes diferentes para entregar um resultado final mais equilibrado. De fato, à primeira vista, a câmera do Motorola One Vision se mostra muito promissora nesse sentido.
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A Motorola não renovou a interface do aplicativo de câmera mas trouxe boas adições, como um modo de cena automático baseado em Inteligência Artificial. O software recomenda o melhor modo, como cena noturna ou modo retrato, por exemplo, de acordo com a situação ao fazer o reconhecimento da cena ou de objetos e rostos.
É claro que o Night Vision (visão noturna) é a função mais interessante no software da câmera. Este modo captura e combina diferentes fotos com exposições distintas para eliminar ruído, borrões e distorções. O grande objetivo é adicionar luz a cenas sem iluminação ideal. O resultado impressiona, como mostra abaixo:
O segundo sensor traseiro, de 5 MP, também trabalha para otimizar o Night Vision, mas seu principal objetivo é a detecção de profundidade para oferecer um modo retrato com desfoque do plano de fundo mais profissional. No caso da câmera frontal, de 25 MP (f/2.0), o efeito retro é oferecido com processamento via software. No app da câmera existem ferramentas para foco seletivo, fundo preto e branco e outros efeitos e recursos.
Ah, e um pouco mais do Night Vision:
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Bateria para um dia
A bateria do Motorola One Vision tem 3.500 mAh e promete entregar um dia de uso sem muitos problemas ou limitações ao usuário. Na caixa há um carregador de 15 W que pode oferecer até 7 horas de uso com apenas 15 minutos de carga. Como comentei na parte do hardware, o Exynos deve entregar uma autonomia relativamente boa em comparação com outros processadores, portanto estou curioso para medir por completo a autonomia do One Vision nas próximas semanas.
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Motorola One Vision – Especificações Técnicas
Uma visão do futuro
Existe uma base grande de usuários que já não se contentam com o que a série Moto G oferece todos os anos, ou então com as soluções e tecnologias da linha Moto Z. O Motorola One Vision chega com o objetivo de oferecer a usuários mais exigentes uma opção dentro do portfólio da empresa que carrega as principais tendências do mercado com pitadas de pequenas inovações. Ele tem uma câmera melhor que o Pocophone F1, o mesmo modo de visão noturna do Huawei P30 Pro e uma tela com o mesmo tipo de "notch" que a Samsung usa apenas em seus melhores modelos.
Mesmo sendo um modelo carregado dessas tendências internacionais, o Motorola One Vision não soa como uma cópia ou algo sem originalidade, pelo contrário, a essência da Motorola está presente no dispositivo em diferentes aspectos, como em partes do design e no software. Ele agrada quem se preocupa com as atualizações do Android, quem busca por câmera de qualidade, quem quer ter uma experiência multimídia diferenciada com a tela de 21:9, ou até mesmo aqueles que prezam por um design elegante.
Há um abismo que separa o primeiro One do One Vision, deixando claro o objetivo da Motorola de nadar em águas mais profundas.
Conversando com os executivos da Motorola eu consegui entender que o Motorola One Vision não chegou para competir com as demais linhas da empresa que contam com ciclos de atualizações e públicos diferentes, mas sim para abrir um espaço onde a marca consiga oferecer novidades, inovações e experiências para um público que quer ter acesso ao melhor produto por um preço razoável.
O preço de R$ 1.999 sugerido para o One Vision não é baixo, mas devo dizer que é bastante atraente para o que o dispositivo entrega.
E aí, o que você achou do Motorola One Vision?
Achei bem interessante o aparelho como um todo. Mas diferente do que a Motorola disse, este processador tá mais pra um SD660 do que pra um da série 700. Inclusive é uma versão quase idêntica do 9610 que saiu no Samsung A50 com uma diminuição leve no clock, pelo que andei pesquisando.
Ficou melhor que o Sony Xperia 10 (que não vem para o Brasil)
"é uma forma de ampliar o display sem comprometer o tamanho do dispositivo"
Só não gosto muito do Android puro mas acho que é possível se acostumar. Gostei...pode ser o meu próximo...
Infelizmente parece que esse pensamento da inovação tá passando longe da linha Moto G.
E só pra reforçar: claro que um Android One com esse processador não vale 2000 reais. Enquanto não bater 1500, pode esquecer.
"Tela de cinema" mas com um buraco ridículo? Como assim? E o review ainda diz que em jogos e vídeos "o furo é pouco imperceptível"! Isenção e credibilidade passaram longe...
Rogério, o termo "tela de cinema" se refere à proporção 21:9, como mencionamos no texto. E o furo (que é o mesmo do Galaxy S10e, mas no lado oposto) é uma solução muito menos intrusiva que o notch: ocupa menos espaço na tela, e ao assistir vídeos e jogar a posição coloca ele em sua área de visão periférica, e ele logo "desaparece". Experimente em uma loja e nos diga o que achou.
Desculpe, mas você está piorando a situação com esta conversa de visão periférica. O usuário pode até se resignar e acostumar, mas o buraco está lá e sempre visível. GSMArena, entre outros, diverge da sua opinião: "punch-hole's size is both an eyesore and on occasion an obstacle to the cinematic immersion"; "Selfie camera hole seems too big and interferes with content in some apps- a notch would have likely been better".
Aparelho lançado hoje e já "testado", e só com elogios, absolutamente nenhuma crítica. Elegante, confortável, super isso, super aquilo, sem terem usado por dois dias que seja. Motorola "investindo" pesado por aqui...
Rogério, o texto é um hands-on/impressões iniciais, e não um review completo (que publicaremos em breve). E na verdade temos ele em mãos já há alguns dias, pois a Motorola entregou aparelhos de teste para a imprensa antes do lançamento.
O texto é quase ufanista. Eu poderia citar várias expressões usadas que ficariam mais adequadas numa campanha de marketing, e não num site do qual se espera informação e isenção. Vocês fazem um ótimo trabalho por aqui e merecem o retorno financeiro proporcional ao sucesso, mas é importante não perder a credibilidade.
Em si, é bonito, mas o furo da câmera um pouco grande, fez com que surgisse um espaço entre a parte superior da tela e a barra de status, o que achei estranho. Mas, gostos à parte, vamos ver o quanto a Motorola vai cobrar por seu novo One Vision.
O preço sugerido é de R$ 1.999, mas já é possível encontrar promoções no varejo por R$ 200 a menos.
Faltou bateria que preste. Um aparelho assim por esse preço pede uma bateria de 5000 mAh.
Vai depender de quão eficiente são o processador e o sistema no gerenciamento de energia. O Pixel 3a tem uma bateria de 3.000 mAh e chega ao fim do dia tranquilo, com sobra para o dia seguinte.
Só faltou um snapdragon para a Motorola marcar um belo gol !!!
Parece que ela só conhece o 660.
Será que a câmera frontal é decepcionante como a do primeiro? Abri aquilo a primeira vez e senti vontade de chorar rs.
Usa a câmera do Google
comprar um gadget e ter que baixar coisas pra funcionar bem? não é legal
pelo jeito esse novo está infinitamente superior ao antecessor
Gostei e compraria.
Mas ta parecendo um baguete. rsrs.
Preferia a tela um pouco menos esticada, no entanto gostei muito. O melhor lançamento da moto desde o moto z play.