Especial fabricantes que deixaram o Brasil: HTC (2012)
A HTC já foi uma marca conhecida entre os consumidores brasileiros, mas acabou encerrando suas atividades por aqui em meados de 2012. Porém, o que levou a marca taiwanesa a abandonar os negócios no país que é um dos que mais vendem smartphones no mundo? É isso que iremos rever no especial sobre a HTC no Brasil.
Com sede na cidade de Nova Taipé, em Taiwan, a HTC pode ser uma marca antiga para quem acompanha o mercado de smartphones há certo tempo, mas a empresa tem pouco mais de 20 anos de idade. Fundada com o objetivo de fabricar semicondutores, telas touchscreen, celulares e, mais tarde, smartphones, a empresa taiwanesa já esteve no top cinco das marcas que mais vendiam smartphones no Brasil.
Acontece que a HTC deixou o país em um momento nada glamuroso para a empresa, com queda de 57.8% na receita global e com menos de 0,11% de participação no mercado brasileiro, atrás de gigantes como Samsung, LG, Sony Ericsson e Nokia. O mercado era outro em 2012, em vários sentidos, pois tínhamos mais sistemas operacionais circulando entre as prateleiras do varejo, como Symbian, Android, iOS, BlackBerry e Windows Phone (além de Windows Mobile).
A HTC era uma marca que vendida produtos com Android em vários mercados, mas devido a uma parceria exclusiva com a Microsoft, os aparelhos que a empresa colocava à venda por aqui costumavam rodar com Windows Phone e Mobile, além de terem hardware intermediário.
HTC Ultimate, o último
Foi com este sistema, inclusive, que a marca fez seu último lançamento tupiniquim, com o HTC Ultimate. Este dispositivo era considerado bastante caro para época, custando R$ 1.800, e foi o responsável pela estreia comercial do Windows 7.5 Mango, considerada a versão que separava o antigo Windows Mobile da então nova plataforma que prometia fazer frente ao iOS e Android.
Apesar do papel prestigioso, o HTC Ultimate foi um verdadeiro fiasco em vendas, principalmente pelo fato de o aparelho custar quase a mesma coisa que um Galaxy S2 (R$ 1.999), um aparelho mais completo e que vinha com ecossistema melhor de aplicativos e serviços. O fato de a Microsoft não atualizá-lo para o Windows Phone 8 também foi algo que marcou negativamente a reputação do aparelho, visto que essa informação foi divulgada pouco tempo após seu lançamento.
A HTC chegou no Brasil em 2007 com investimentos locais que somavam 10 milhões de dólares. O objetivo era fabricar os aparelhos no país, contando com alguns subsídios do governo na época. Os primeiros modelos nacionais ficaram prontos em 2008, e à disposição dos usuários haviam 10 modelos da marca rodando com Windows Mobile, sendo o primogênito deles o HTC Touch, o estreante que chegou por importação e depois passou a ser produzido na Zona Franca de Manaus.
A saída da HTC do Brasil não aconteceu de uma hora para outra, pois a empresa vinha dando sinais claros de que estava passando por problemas globalmente. Em 2010 as produções brasileiras foram encerradas, a fábrica vendida e os investimentos em marketing suspensos. Para você ter uma ideia, a divulgação do HTC Ultimate foi mínima, sendo a maior propagadora do lançamento na época a operadora Vivo, que tentou vendê-lo com descontos exclusivos para clientes no pós-pago, também sem muito sucesso.
Somente em 2011, a HTC oscilou entre 0,11% e 0,3% no Brasil. O suporte pós-venda dos produtos lançados se mantiveram por mais alguns anos, enquanto as vendas da marca ao redor do mundo amargavam. Vale aqui a menção honrosa à Google, que foi a empresa que manteve a HTC em evidência em seus piores anos graças a uma parceria na construção de smartphones e tablets da série Nexus e Pixel. Em 2017, a Google comprou a fábrica de smartphones da HTC por 1,1 bilhão de dólares.
Perdendo em casa
Fora do top 10 global de marcas que mais vendem smartphones desde 2016, a HTC ainda mantém parte de seu prestígio em seu país de origem. Em Taiwan, entre janeiro e outubro deste ano, a fabricante esteve presente em 7,3% dos aparelhos ativos por lá, ficando atrás apenas de Apple, Samsung e Oppo.
Apesar de ter sido passada por uma chinesa em casa, o maior problema da HTC hoje em dia á o avanço da Asus, que neste mesmo período esteve presente em 6,96% dos aparelhos ativos, segundo dados da StatCounter, que mede acessos a internet por navegadores instalados em smartphones.
Outro porém é em relação a Oppo, que se continuar avançando conforme a tendência do mercado global, será questão de tempo para que as duas se separem ainda mais em números absolutos de vendas. A rival, neste cenário, será a Asus.
A HTC ainda é conhecida pela qualidade de seus produtos e pelo preço pouco competitivo que pratica nos mercados em que ainda está presente (uma espécie de Sony, digamos). O Windows Phone ficou no passado, e hoje a empresa produz apenas aparelhos com sistema Android.
As séries One M e Sense foram responsáveis por desencadear uma série de tecnologias exclusivas ao longo dos últimos anos, sendo o Sense Edge uma das últimas inovações da marca, permitindo que o usuário possa interagir com os sistema apertando as laterais do dispositivo.
Foi por pouco
Antes de sair do Brasil, a HTC homologou junto à Anatel os modelos One S (imagem acima) e One X, que nunca foram lançados no país. Ambos os modelos haviam sido apresentados no MWC 2012, em Barcelona, e eram as opções mais avançadas que a empresa tinha rodando Android. Os usuários brasileiros teriam a chance de experimentar, pela primeira vez, um topo de linha da marca taiwanesa com o sistema da Google, o que não aconteceu.
A empresa saiu de fininho e, desde então, foi só "ladeira abaixo'' em vendas e lucros. Não é possível dizer que isso foi uma espécie de praga brasileira, até porque outra fabricante precisou deixar o país às pressas e só cresceu desde então. A fabricante em questão é a Xiaomi, que será o tema do nosso próximo especial.
ela poderia ter diversificado e planejado melhor seus produtos, preço e marketing. A HTC é uma boa empresa de smartphones, mas o que está afetando é gestão.
Era o meu sonho ter um HTC One M7... Lindos aparelhos, preços, nem tanto...
É uma excelente marca com dispositivos sensacionais, pena que quando desembarcou em terras tupiniquins, foi com o falido Windows Mobile, e assim, não se teve a chance de ver seus smartphones rodando o Android.
Bons gadgets mas muito caros , ela se equivoca no seu posicionamento de preços.
Adoro a HTC, mas seus preços são impraticáveis, bem piores que a Sony.
HTC muito esperta saiu do brasil quando Smartphones começaram a bombar aqui...
não é atoa que hoje esta na pindaíba...
O pior da debandada dela foi que não tivemos a chance de apreciar o Nexus One, o Nexus 9, além de ser um dos fatores que atrapalham a vinda dos Google Pixels.