Review ZTE Axon 30 Ultra: quando a ficha-técnica não é suficiente
O ZTE Axon 30 Ultra compete diretamente com a Samsung, Xiaomi e Oppo na arena dos flagships do Android, literalmente quebrando barreiras de preço, mas será que forrar as especificações com palavras-chave como 144 Hz, Snapdragon 888 ou módulo de câmera quad-64-MP é suficiente para oferecer um bom celular premium? A resposta você confere aqui.
Prós
- Tela AMOLED de 144 Hz
- O poder bruto do Snapdragon 888
- Lente periscópica com zoom óptico de 5x
- Autonomia de uso sólida
- Preço (no exterior)
Contras
- O processamento não confiável das fotos
- A "carga rápida" é um pouco lenta
- Superaquecimento em jogos pesados
- Sem certificação IP
- Sem carregamento sem fio
ZTE Axon 30 Ultra direto ao ponto
O ZTE Axon 30 Ultra foi lançado na Europa em maio de 2021 e está disponível em duas configurações, de 8/128 GB e 12/256 GB, vendidos pelo equivalente a R$ 4.700 e 5.300, respectivamente na conversão direta de 749 e 849 euros.
Apesar de seu preço, ele está posicionado como um verdadeiro flagship, um segmento que pode ser chamado de topo-dos-topos-de-lnha. Sim, eu disse "apesar de seu preço", mesmo que ele ainda seja alto. Mas contra os 1.250 euros do Samsung Galaxy S21 Ultra, os 1.150 euros do Oppo Find X3 Pro ou os 1.200 euros do Xiaomi Mi 11 Ultra, o preço do ZTE parece muito mais "acessível".
Em resumo, o celular promete especificações e a experiência de uso de um ultra-flagship pelo preço de um flagship básico. Obviamente, a promessa é boa demais para ser verdade. Apesar de uma ficha técnica que atende a todos os critérios de compra em 2021, o ZTE Axon 30 Ultra obviamente faz vários sacrifícios.
Mas apesar disso e apesar de uma política de atualizações de software esporádicas, posso entender que a receita — reconhecidamente imperfeita — de um topo de linha que se concentra na relação hardware/preço pode seduzir, especialmente em virtude de seu preço.
Design e tela: um Galaxy Note 20 Ultra com bigode
O ZTE Axon 30 Ultra se parece muito com o Samsung Galaxy Note 20 Ultra com uma linguagem visual muito parecida e um forte foco na qualidade da tela, pelo menos do ponto de vista das especificações. Tela AMOLED e taxa de atualização de 144 Hz, taxa de amostragem de 300 Hz, bordas curvas, Gorilla Glass 5... todas as hashtags marcam presença.
Gostei:
- taxa de atualização de 144 Hz;
- taxa de amostragem por toque de 300 Hz;
- design elegante;
- revestimento na parte de trás que limita as impressões digitais.
Não gostei:
- sem certificação IP;
- botão de energia caprichoso;
- luminosidade média da tela;
- sem conector de 3,5 mm.
Se você quiser ver em detalhes como o ZTE Axon 30 Ultra é semelhante ao Samsung Galaxy Note 20 Ultra, convido-o a assistir ao vídeo do MKBHD no YouTube.
Mas sim, encontramos exatamente os mesmos elementos, com as mesmas superfícies planas no topo e parte inferior, e a tela com uma curva sutil, estilo 2,5D. Não sei se é um problema de acabamento ou uma escolha de projeto, mas acho que o fato de a estrutura de alumínio ser ressaltada para interromper a transição da tela para a traseira não é muito agradável ao toque.
Na parte de trás, o módulo da câmera é obviamente enorme, já que estamos falando de um smartphone "ultra" com 4 lentes dispostas em um grande módulo retangular com um destaque lateral fino (como uma etiqueta) sobre a qual está a frase "Neovision Photography". O revestimento opaco na parte traseira é muito bonito e evita com eficiência as impressões digitais.
Vamos voltar para a frente do celular para encontrar uma tela de 6,67 polegadas Full HD+ AMOLED com uma resolução de 1.080 x 2.400 pixels, ou uma densidade de 395 DPI. Nada muito impressionante, exceto que esta tela é capaz de uma taxa de atualização adaptável de 144 Hz e uma taxa de amostragem para toques de 300 Hz.
Como sempre, o contador de FPS do Android 11 (que pode ser habilitado nas opções do desenvolvedor) revela que você raramente atinge 144 Hz fora do Twitter e de certos jogos. Na maioria das vezes, estava a 120 Hz em páginas da web e 60 Hz em streaming de vídeo ou música.
O brilho parecia bastante médio, a tela permaneceu visível e, na maioria das vezes, legível mesmo durante meus testes fotográficos ao ar livre à luz do dia, mas já vi telas mais brilhantes.
No geral, o ZTE Axon 30 Ultra parece se disfarçar do Galaxy Note 20 Ultra. Em termos de design, acho o traje do ZTE Axon 30 Ultra convincente. A tela também é eficaz e reforça a impressão de ter um produto premium em suas mãos.
Interface: MyOS 11 precisa ser aprimorada
O ZTE Axon 30 Ultra roda no Android 11 com uma customização de software chamada de MyOS 11 que está bem longe do Android padrão e ainda tem bastante trabalho pela frente...
Em geral, não gasto muito tempo falando das interfaces nos celulares, pois geralmente já escrevi em detalhes em outro teste de smartphone. Esta, porém, é a primeira vez que coloco minhas mãos na MyOS e a experiência foi bastante confusa, por isso vou falar brevemente sobre isso.
Para simplificar, ela traz a mesma proposta das outras skins chinesas para o Android, ou seja, uma interface que está visualmente longe da versão limpa do Android puro com um visual mais "ocupado". Visualmente, podemos dizer que a MyOS permanece fiel a esta tradição com seus grandes deslizadores de volume coloridos, além dos grandes widgets no menu de notificações.
Mas em termos de recursos, é fácil de usar, não há 10 bilhões de opções de personalização ou toneladas de apps desnecessários pré-instalados (exceto para os aplicativos do Google, um navegador e um gerenciador de arquivos nativo).
Mas senti que esta personalização ainda precisa amadurecer. Encontrei bugs de tela com alguns aplicativos, especialmente no Twitter, onde meu papel de parede ficava transparente toda vez que eu recarregava meu feed de notícias. Às vezes a tela sensível ficava sem resposta quando eu abria a lista de aplicativos.
Durante o teste, o smartphone recebeu o patch de segurança de maio de 2021, mas não devemos esperar uma política de atualização regular ou frequente. O ZTE Axon 20 5G lançado no ano passado ainda não recebeu o Android 11, que eu saiba. No entanto, a ZTE garantiu que a atualização para o Android 12 chega em 2022 no Axon 30 Ultra.
Pessoalmente, a interface MyOS da ZTE não prejudicou seriamente minha experiência. Sim, a skin é visualmente poluída, mas todas as características do Android 11 estão lá. Esse não é claramente o ponto forte do celular, mas é principalmente o histórico da fabricante com atualizações que me preocupa.
Desempenho: o Snapdragon 888 mostra sua força
A ZTE adotou o Snapdragon 888 como a maioria dos Androids flagships lançados desde o início de 2021 e assim se comporta de uma forma bastante parecida com os rivais em termos de desempenho.
Sem surpresas, o desempenho bruto é equivalente ao dos seus concorrentes equipados com o SoC. Também não surpreende que ele pode superaquecer em algumas situações e, consequentemente, às limitações de desempenho por motivos de calor (thermal throttling).
ZTE Axon 30 Ultra
Benchmarks | ZTE Axon 30 Ultra | Xiaomi Mi 11 Ultra | OnePlus 9 Pro | Samsung Galaxy S21 Ultra |
---|---|---|---|---|
3DMark Wild Life | 5.808 | 5.621 | 5.670 | 7.373 |
3DMark Wild Life stress test | n/d, superaqueceu | n/d, superaqueceu | 5.698 |
5.175 |
Geekbench 5 (single/multi) | 1.124/3.582 | 1.123/3.619 | 1.112/3.633 |
942/3.407 |
PassMark RAM |
31.347 | 30.460 | 31.891 |
31.752 |
PassMark armazenamento |
92.550 | 115.473 | 112.370 |
81.108 |
Submeti o ZTE Axon 30 Ultra à clássica bateria de testes gráficos que venho utilizando há meses. Entre eles, o Wild Life Stress Test do 3DMark simula o uso intensivo e prolongado em jogo por 20 minutos. Exceto que eu não consegui chegar ao final deste benchmark porque o ZTE fechou repetidamente o aplicativo após 5 minutos, quando ficava quente demais.
No uso real, que consiste em sessões de jogo entre 30 minutos e 1 hora no Call of Duty Mobile com gráficos no máximo, e todas as opções gráficas habilitadas, não percebi nenhuma lentidão.
Em geral, o ZTE Axon 30 Ultra não é melhor nem pior do que qualquer outro celular equipado com o Snapdragon 888. Mas a Qualcomm, assim como as fabricantes, realmente precisam trabalhar nesta questão de superaquecimento para 2022.
Módulo fotográfico: três vezes 64 MP
O ZTE Axon 30 Ultra 5G apresenta uma câmera quádrupla de 64 MP com uma mistura bastante estranha de sensores do ponto de vista do hardware.
ZTE Axon 30 Ultra
Lente | Especificações |
---|---|
Principal, grande-angular Sony IMX686 64 MP | abertura f/1,6 / 26 mm / tamanho do sensor 1/1,72" PDAF, Laser AF, OIS |
Ultra grande-angular Samsung GW3 64 MP | abertura f/2,2 / 13 mm / tamanho do sensor 1/1,97", campo de visão de 120˚ |
Retrato Samsung GW3 64 MP | abertura f/1,9 / 35 mm / tamanho do sensor 1/1,97" / PDAF |
Teleobjetiva periscópica de 8 MP | abertura f/3,4 / 123 mm / tamanho do sensor 1/4,0" PDAF, OIS, 5x zoom óptico |
Gostei:
- módulo versátil;
- lente teleobjetiva dedicada com zoom 5x;
- lentes convincentes de ultra grande-angular.
Não gostei:
- o zoom 60x não é usável;
- o modo noturno é mediano;
- o processamento de fotos não é muito eficiente no geral;
- por que uma lente retrato de 64 MP?
Fotos com o ZTE Axon 30 Ultra com a câmera principal e ultrawide
O sensor principal de câmera do ZTE Axon 30 Ultra é um Sony IMX686 que captura fotos de 16 MP por padrão através da combinação de 4 pixels em 1. Este é um componente muito usado, encontrado no RedMagic 6 da Nubia (uma subsidiária da ZTE) ou no Asus ROG Phone 5.
Durante o dia, ele se sai bem. Claramente não estamos no nível de um Galaxy S21 Ultra ou do Xiaomi Mi 11 Ultra, que têm sensores maiores, bem como uma resolução maior de 108 MP. O nível de detalhe é bom, não há suavização no horizonte e a colorimetria me agradou, embora eu tenha tendência a gostar mais de cores saturadas do que a maioria das pessoas.
Com a ultra-angular, o nível de detalhes é bastante satisfatório, embora a lente capture um pouco menos de luz do que a principal, pois perdemos tanto na abertura quanto no tamanho físico do sensor.
Não notei nenhuma distorção nas bordas da imagem, apesar de um campo de visão de 120° muito respeitável. Logicamente, existem algumas inconsistências de cor, mas especialmente em termos de exposição (veja abaixo a aparência da água).
Fotos do ZTE Axon 30 Ultra com zoom
Para o zoom, o ZTE Axon 30 Ultra apresenta uma lente periscópica de 8 MP com zoom óptico de até 5x com uma distância focal equivalente a 123 mm. O app de câmera oferece ampliações padrão de 2x, 5x e 60x.
Em 2x, não é a lente telefoto que entra em ação, mas a terceira lente de 64 MP, chamada de "lente retrato". O resultado é correto, mas percebemos uma suavização digital para mascarar os artefatos relacionados com a ampliação da imagem. Quanto ao resto, a faixa dinâmica e a colorimetria são bastante corretas.
Além do zoom 2x, é a lente teleobjetiva periscópica que entra em jogo. Eu realmente esperava ficar desapontado, especialmente depois dos níveis de zoom mostrados pela Xiaomi e Samsung. No final, a renderização é bastante boa em 5x e até mesmo em 10x, embora encontremos as mesmas preocupações de suavização digital que fazem com que as imagens percam a nitidez.
Também me diverti tirando fotos com zoom 60x, a ampliação máxima e puramente digital. Não é surpreendente que os resultados sejam totalmente inutilizáveis e esta função não passa de um truque. É uma pena, já que a lente teleobjetiva tem estabilização óptica (OIS), mas o foco não é tão fácil como no Galaxy S21 Ultra ou Mi 11 Ultra onde o app de câmera guia você com uma prévia do item ampliado, etc...
Fotos do ZTE Axon 30 Ultra à noite
O modo noturno do ZTE Axon 30 Ultra funciona com todas as lentes, exceto a teleobjetiva. Assim, você pode tirar fotos noturnas em 1x com a lente grande angular principal, 0,5x com a ultra-angular e 2x com a lente retrato.
A renderização é em geral mediana, mesmo em ambientes noturnos devidamente iluminados, a cena ainda é subexposta com uma faixa dinâmica muito limitada. A suavização digital está mais uma vez muito presente.
No geral, o módulo de câmera não está no nível de um Android flagship. Não entendo o propósito da lente retrato. Mas a renderização ainda é digna de um smartphone Android de primeira linha na minha opinião, como um Xiaomi Mi 11, um Galaxy S21 ou um OnePlus 9, mas com a lente teleobjetiva "de brinde" e na mesma faixa de preço. Portanto, é muito bom.
Autonomia de uso sólida, mas uma carga não tão rápida assim
O ZTE Axon 30 Ultra é alimentado por uma bateria de 4.600 mAh que suporta 65 Watts de carga rápida com fio (Quick Charge 4+ e USB PD 3.0). Além disso, o carregador está incluído na caixa.
Gostei:
- carregador de 65W incluído na caixa;
- vida útil da bateria.
Não gostei:
- carga rápida com fio, mas não tão rápida como a concorrência;
- sem recarga sem fio;
Fora durante o teste da tela, passei quase todo o meu tempo com o ZTE Axon 30 Ultra usando a taxa de atualização da tela fixa em 144 Hz, ou seja, sem a taxa adaptativa. Em um dia intenso com uma sessão fotográfica de 1h30 e, em seguida, uma boa hora de benchmarks, cheguei ao fim da bateria após 12 horas.
Em uso diário mais realista, eu tinha em média quase dois dias inteiros com 6-7 horas de tempo de tela por dia antes de cair abaixo da marca de 20% de carga restante da bateria. Para simplificar, com uso "normal" e 6 horas de tempo de tela por dia, você só precisará ligá-lo na tomada após um dia e meio.
A carga rápida de 65 W é rápida, com minha melhor pontuação de 0-100 sendo de 42 minutos. Isso ainda está um pouco abaixo do que a Xiaomi, Oppo ou OnePlus oferecem, mas é muito melhor do que o que a Samsung faz e seus pobres 25 Watts (com uma bateria de 5.000 mAh no S21 Ultra, para piorar).
A vida útil da bateria do ZTE Axon 30 Ultra está à altura do que você esperaria de um celular premium com uma bateria com menos de 5.000 mAh. A tela é obviamente o maior consumidor de energia. E a carga rápida podia ser um pouco mais rápida, na minha opinião.
Ficha técnica
ZTE Axon 30 Ultra
Componentes | Especificações |
---|---|
Processador | Qualcomm Snapdragon 888 |
Memória |
|
Armazenamento expansível? | Não |
Tela |
|
Câmera |
|
Vídeo |
|
Bateria |
|
Sistema | MyOS 11, baseado no Android 11 |
Conectividade | Wi-Fi 6E / Bluetooth 5.2 / NFC / LTE / 5G / Dual nano SIM |
Certificação IP | não |
Dimensões e peso |
|
Preço | 749 € / 849 € |
Conclusão
Se eu tivesse que resumir o ZTE Axon 30 Ultra, eu diria que é uma colcha de retalhos de especificações e palavras-chave que têm tudo a seu favor e que preenchem todos os requisitos de uma ficha técnica topo de linha, tudo em um pacote que se parece com o Samsung Galaxy Note 20 Ultra.
No papel, pode parecer bastante lógico colocar o ZTE Axon 30 Ultra no mesmo nível do Samsung Galaxy S21 Ultra ou Xiaomi Mi 11 Ultra. É um flagship premium com todos os recursos e extras que você esperaria, qual é o grande problema?
Tela AMOLED de 144 Hz? Confere. Snapdragon 888? Confere. Carregamento a 65 W? Confere. Módulo fotográfico quádruplo com lente teleobjetiva? Confere.
Mas um olhar mais atento ao processamento de software para as fotos, a estabilidade e tradução da interface ou a falta de certificação IP nos lembra que o sonho vendido pela fabricante esconde alguns sacrifícios técnicos.
A experiência de uso sofre com problemas básicos aqui e acolá, mas ainda temos um celular que oferece um pacote bastante completo. Um pacote que não foi trabalhado ou polido o suficiente, claro, mas pelo menos todos os elementos (ou quase) estão presentes.
Para concluir, só recomendarei a compra deste smartphone se a fabricante fizer compromissos firmes e claros sobre a questão do Android e suas atualizações de segurança. E só posso recomendá-lo às pessoas que valorizam a relação hardware/preço acima de tudo, em vez de uma experiência de uso sem atritos.
Eu achei esse aparelho muito bonito. Com um ar de Galaxy Note mas vendo o review aqui e outros artigos por aí em outros lugares percebi que não adianta ter somente beleza e números grandes.
Acho que é aquele caso de aparelhos que precisam ser melhor otimizados pra entregar uma experiência mais agradável...