Review do Xiaomi Poco M3 Pro 5G: um Redmi Note 10 5G disfarçado
Apenas alguns meses depois de um Poco M3 muito convincente, a Xiaomi lançou o Poco M3 Pro 5G na Europa a 199 euros (cerca de R$ 1.250 em conversão direta). Um preço que o coloca em concorrência direta lá fora com o Realme 8 5G, mas também, e especialmente, com o Redmi Note 10 5G, já que ambos os smartphones têm quase a mesma ficha técnica.
Prós
- Suave tela LCD 90Hz
- A bateria de 5000 mAh é sólida
- O desempenho correto do MediaTek Dimensity 700
- O design ostensivo
- Saída de 3,5 mm
Contras
- Alguns rivais diretos têm tela de 120 Hz
- O módulo fotográfico não é versátil o suficiente sem lente ultrawide
- A carga rápida de 18W não é suficientemente rápida
- É um Redmi Note 10 5G remarcado
- Sem certificação IP
Poco M3 Pro 5G direto ao ponto
Ao encontrei o Poco M3 Pro eu lamentei, assim como Jeff Goldblum em Jurassic Park, que a Xiaomi estava tão obcecada em lançar mais um celular 5G acessível, que a fabricante nem se perguntou se deveria fazer isso.
O Poco M3 Pro 5G traz o mesmo processador intermediário MediaTek Dimensity 700 SoC que o Redmi Note 10 5G. Há também a mesma tela LCD Full HD+ de 6,5 polegadas com uma taxa de atualização de 90 Hz. O módulo de câmera tripla de 48+2+2 MP também é idêntico em todos os modelos. Finalmente, a bateria de 5.000 mAh que aceita uma carga rápida de 18W é... sim, acho que você entendeu a ideia.
Fique tranquilo, não estou descobrindo em 2021 os smartphones chineses rebatizados entre uma marca ou suas "sub-marcas". Também não reclamo de um fabricante por oferecer mais celulares acessíveis no mercado. Quanto mais variada for a oferta, mais saudável será a concorrência.
Mas esse é exatamente o problema com o Poco M3 Pro 5G. Não é um acréscimo ao catálogo da Xiaomi, é uma sobreposição. Apesar de suas qualidades e custo-benefício, o Poco M3 5G é qualquer coisa menos necessário. A Xiaomi conseguiu a proeza matemática de 1+1=11. Sim, depois de Goldblum, cito Van Damme em francês.
Design: um visual jovem e dinâmico
O detalhe mais inovador do Poco M3 Pro 5G, ou pelo menos o único que não compartilha com seu gêmeo Redmi, é definitivamente o design, especialmente quando se trata do módulo de câmera na parte de trás.
Gostei:
- do visual no módulo de câmera;
- revestimento fosco para uma melhor aderência;
- presença de uma saída de 3,5 mm;
- a fluidez dos 90 Hz da tela.
Não gostei:
- a tela não é suficientemente brilhante;
- dimensões e peso ligeiramente volumosos;
- sem certificação IP.
Eu teria preferido o modelo na cor amarela tradicional da Poco, mas minha unidade de teste, cortesia da Xiaomi, ostenta a cor "Power Black", que eu achei menos chamativa. É uma pena porque a combinação do amarelo Poco com o contorno preto do módulo da câmera na parte de trás combinou muito bem.
Quanto ao resto, encontramos o formato clássico de um smartphone intermediário, ou seja, dimensões ligeiramente grandes (161,8 x 75,34 x 8,92 mm) e um peso ligeiramente imponente de 190 gramas. Novamente, estas são as mesmas medidas que o Redmi Note 10 5G. No entanto, o revestimento fosco no acabamento do celular o torna mais confortável de segurar.
Na frente, a tela LCD de 6,5 polegadas não é realmente nada de especial. É um painel bem calibrado cuja taxa de atualização adaptável de 90 Hz garante uma boa fluidez na interface e nos apps (fora os aplicativos de mensagens ou de streaming de vídeo/música que são bloqueados em 60Hz).
O Poco M3 Pro 5G tem uma borda inferior bastante visível e achei os botões de volume colocados um pouco alto demais. O leitor de impressão digital na margem direita, no entanto, é muito responsivo. A presença de uma saída de áudio de 3,5 mm também é sempre bem vinda.
Em geral, o visual do Poco M3 5G é talvez a característica mais interessante que eu encontrei. Eu realmente gosto da aparência mais jovem e um pouco mais extravagante do Poco em comparação com sua versão gêmea da Redmi.
Interface: MIUI 12 estilo Poco
O Poco M3 Pro 5G vem com a MIUI 12, uma personalização baseada no Android 11 que já conhecemos muito bem. Mas há alguns detalhes que vale a pena mencionar, apesar de não se tratar de um teste de interface.
Gostei:
- a personalização do MIUI;
- alguns acréscimos para proteção de dados.
Não gostei:
- bloatware;
- os anúncios;
- o aplicativo de câmera;
- sem janelas flutuantes.
Visualmente, a personalização da Poco muda apenas ligeiramente a MIUI 12, sem tirar a identidade da Xiaomi. Encontramos a mesma interface, um pouco (muito, segundo alguns) carregada, mas altamente personalizável.
Fiquei até agradavelmente surpreso com a adição da capacidade de remover metadados e informações de geolocalização quando você compartilha um arquivo. Você pode até mesmo impedir que o smartphone grave esses dados na origem, quando você tira uma foto, por exemplo.
Mas essa é a única coisa positiva que tenho a dizer sobre o aplicativo de fotos. Achei ele muito mal disposto e incompleto. Primeira falha, a falta de atalhos para zoom. Segunda falha, o modo macro oculto nas configurações do aplicativo.
Como já é costume da Xiaomi, encontramos muitos apps pré-instalados, com cerca de quinze aplicativos de terceiros (Linkedin, Booking, AliExpress, eBay, TikTok, Amazon etc. ...) e quase 6 jogos (todos com microtransações, é claro). Estou bem ciente de que quase todos os fabricantes fazem isso e que o Google força seus próprios aplicativos em cada interface de qualquer maneira. Mas descobri que há muita coisa no Poco M3 Pro.
Acrescente a isso todos os aplicativos nativos da Xiaomi, e você acaba com uma tela inicial superlotada desde o início, o que eu realmente odeio. Por último, mas não menos importante, o Poco M3 Pro pode ser usado no modo de tela dividida, mas não oferece janelas flutuantes, enquanto que acredito que elas estejam presentes no Redmi Note 10 5G.
Finalmente, vamos falar de atualizações. No momento da publicação deste teste, eu tenho o patch de segurança de abril de 2021. O smartphone foi lançado em 20 de maio de 2021. Seguindo a política de atualização não oficial da Xiaomi, podemos esperar 1 nova versão principal do Android e 3 atualizações da MIUI para um Poco na linha M.
No geral, a interface MIUI 12 ainda é agradável de se usar, embora não seja a mais fácil de se entender. Lamento, no entanto, a falta de usabilidade no app de câmera deste Poco M3 Pro. A política de atualização não é a mais atraente do mercado, mas isso não é um fator determinante nesta faixa de preço. E os MiFãs argumentarão que as atualizações do Android são inúteis de qualquer forma, já que o MIUI está tão à frente do resto...
Desempenho: o MediaTek Dimensity 700 5G não é muito rápido
O Poco M3 Pro é alimentado pelo processador intermediário MediaTek Dimensity 700 5G, enquanto seu irmão mais novo, o Poco M3, traz um Snapdragon 662 da Qualcomm.
Gostei:
- sem superaquecimento;
- desempenho decente em jogos.
Não gostei:
- a ROM que bloqueia TODOS os benchmarks!!!!!!!
Infelizmente, a Xiaomi se certificou de bloquear todas os apps de benchmark no modelo enviado para testes. Eu olhei em vários lugares, e parece que não sou o único afetado (o GSMArena também encontrou o mesmo problema).
Isto é algo bastante comum entre as fabricantes, mas geralmente acontece apenas de maneira temporária porque o celular ainda está sob embargo e não foi oficialmente liberado. Acho incompreensível que o bloqueio ainda esteja ativo dois meses após o lançamento do smartphone.
Portanto, no que diz respeito aos benchmarks, só posso apresentar as pontuações obtidas pelo Realme 8 5G, que contém o mesmo SoC, bem como um display LCD de 90 Hz. Vou atualizar o review quando puder executar benchmarks no Poco M3 Pro 5G.
Realme 8 5G - Benchmarks
Modelo/Teste | Geekbench 5 CPU (single/ multi) | 3DMark Slingshot | 3DMark WildLife | 3DMark Wildlife stress test |
---|---|---|---|---|
Realme 8 5G | 573 / 1769 | 3.321 | 1.100 | 1.109 / 1.090 |
Realme 7 5G | 581 / 1801 | 4.271 | 1.585 | 1.594 / 1.583 |
Realme 8 Pro | 568 / 1.685 | 3.671 | 1.050 | 1.050 / 1.045 |
No uso real, eu gostei de não encontrar nenhum problema de superaquecimento, mesmo durante sessões de jogo prolongadas (1 hora, aproximadamente). Consegui rodar Call of Duty Mobile com gráficos em "High" a 30 FPS sem muita perda de quadros.
No geral, eu sentia que a GPU deveu um pouco de potência. Mas o SoC em geral ofereceu um desempenho bastante decente, digno do que você esperaria nesta faixa de preço.
Módulo fotográfico: triplo, mas poderia ser único
O Poco M3 Pro possui um módulo de câmera triplo sem lente teleobjetiva, mas também não inclui uma lente ultra-angular. Ao invés disso, Xiaomi preferiu acompanhar seu sensor principal de 48 MP com dois sensores, macro e de profundidade, totalmente supérfluos.
Gostei:
- a câmera principal de dia, rica em detalhes;
- selfies surpreendentemente boas.
Não gostei:
- processamento de software agressivo mesmo durante o dia;
- módulo fotográfico muito limitado, sem ultra angular;
- o zoom digital é muito médio;
- fotos macro muito imprecisas.
A lente principal do Poco M3 Pro 5G faz bonito à luz do dia. O módulo da câmera está realmente entre os mais básicos que você pode encontrar em um smartphone, você não deve, logicamente, esperar um resultado fotográfico profissional.
O nível de detalhes é muito bom com a câmera de 48 megapixels. As cores são reproduzidas de forma natural, desde que o modo AI esteja desativado. Testei muito poucos celulares abaixo de 200 euros este ano, mas acho que estamos no topo do ranking da categoria em termos de renderização, especialmente para um módulo tão limitado.
Por outro lado, podemos perceber imediatamente grandes preocupações com a faixa dinâmica. As sombras tendem a sumir na cena. Em cenas um tanto complexas, o smartphone tem dificuldade de lidar com as áreas mais escuras e prefere escurecer toda a cena, só para garantir.
Quanto ao resto, pude notar um certo efeito de suavização, como um filtro que achata texturas e outras variações, dando a impressão de olhar para uma pintura de óleo sobre tela. Ela é particularmente visível na folhagem e na vegetação em geral.
Quanto ao zoom, eu sinceramente esperava pior, embora a ausência de uma lente teleobjetiva seja quase normal nesta faixa de preço. Mesmo algumas câmeras topo de linha não têm uma. Mas se o zoom digital inevitavelmente leva a uma perda de qualidade, você ainda pode notar alguma definição e nitidez com a ampliação de 2x. Por outro lado, tudo além deste nível de zoom (até 10x no Poco M3 Pro), é dificilmente utilizável.
Quanto ao modo macro, ele está bem escondido nos ajustes da aplicação fotográfica. É como se Xiaomi soubesse que seu sensor macro só serve para figuração, assim como no teste do Redmi Note 10. A distância de foco de 5 cm permite algumas fotos bem legais, mas somente se você conseguir tirar uma foto sem embaçar.
A estabilização está totalmente ausente e o foco é realmente caprichoso. Acho que a renderização carece de detalhes gerais para que esta câmera macro seja realmente útil.
Na parte de selfies, o Poco M3 Pro tem um sensor de 8 MP. E, para falar a verdade, eu realmente apreciei este pequeno sensor. A renderização foi muito boa. Se eu fosse submetido a um teste às cegas com selfies feitas com o Poco M3 Pro e alguns dos flagships que testei ultimamente, eu teria dificuldade em dizer a diferença.
O nível de detalhe é muito bom, a gestão de exposição eficaz, as cores estão lá, é a boa surpresa deste módulo fotográfico. Obviamente, estas observações se aplicam apenas às fotos capturadas durante o dia e em boas condições de luz. Assim que você vai para dentro de casa ou com pouca luz, a suavização arruína tudo.
Finalmente, à noite, as fotos são bastante ruins, mas é compreensível nesta faixa de preço. Eu realmente acho que me acostumei demais a testar smartphones de alto nível. Mas achei o ruído digital muito presente, apesar de uma suavização muito agressiva. A cena está bem iluminada, mas não é legível o suficiente.
No geral, achei a experiência fotográfica não decepcionante, mas sem sabor. Eu realmente acho que isto é específico para esta faixa de preço e que com menos de R$ 2.000, você obviamente não pode esperar um substituto para câmeras dedicadas. Mas, no final das contas, tive mais a impressão de ter apenas uma lente fotográfica do que três, o que torna as possibilidades de tirar fotos muito limitadas.
Autonomia: uma bateria de 5.000 mAh que aguenta tudp
O Poco M3 Pro 5G tem uma grande bateria de 5.000 mAh que aceita carregamento com fio de até 18W. Ele vem com um carregador na caixa que pode ir até 22,5 W, o mesmo que o Re... bem, eu vou parar.
Gostei:
- autonomia muito sólida;
- carregador fornecido na caixa.
Não gostei:
- ferramenta de bateria muito limitada;
- tempo de carregamento extremamente longo quando o smartphone é desligado.
Oferecer uma bateria generosa é um requisito para a categoria do custo-benefício. E uma bateria de 5.000 mAh é bastante popular nesta faixa de preço.
Em uso intenso com uma sessão fotográfica ao ar livre de 2h30 acompanhada do mesmo período de música e seguida de 1 hora de jogos contínuos, o smartphone ainda tinha mais de 40% de autonomia. No uso diário mais tradicional, e com a tela configurada para 90 Hz, consegui facilmente alcançar 16 horas antes de cair abaixo dos 20% de autonomia restante.
Com um tempo médio de tela de 6 horas por dia, é possível, portanto, aguentar mais de dois dias de uso (não dois dias completos, devemos levar em conta o tempo de espera quando o smartphone não está ativo).
Dado o tamanho da bateria, a carga rápida não é a mais rápida do mercado. Em 30 minutos de carga, eu nunca recuperei mais de 33% de autonomia. Isso é suficiente para um dia de uso, mas ainda não é muito eficiente. Para uma carga de 0 a 100%, leva cerca de 2 horas. Meu melhor tempo foi de 1h58, precisamente.
No geral, o Poco M3 Pro 5G oferece uma excelente autonomia de bateria, na parte superior de sua faixa de preço. A carga com fio não é a mais veloz e eu teria preferido algo um pouco mais rápido.
Ficha técnica
Poco M3 Pro 5G
Especificações | Poco M3 Pro 5G |
---|---|
Processador | MediaTek Dimensity 700 |
Memória |
|
Armazenamento expansível? | Sim |
Tela |
|
Módulo fotográfico |
|
Vídeo | 1080p a 30 FPS |
Bateria |
|
OS | MIUI 12, baseado no Android 11 |
Áudio | Saída de 3,5 mm |
Conectividade | Wi-Fi 2.4/5 GHz / Bluetooth 5.1 / NFC / LTE / 5G / Dual SIM |
Certificação IP | n/d |
Dimensões e peso |
|
Cores | Power Black, Poco Yellow, Cool Blue |
Preço | 199 / 229 € (cerca de R$ 1.250 a 1.450) |
Conclusão
Certo, estive martelando durante toda esta avaliação, o Poco M3 Pro 5G tem dois grandes concorrentes: o Realme 8 5G e o Redmi Note 10 5G.
O Redmi Note 10 5G oferece exatamente a mesma ficha técnica, mas atualmente o preço é 30 euros mais alto na loja oficial da Xiaomi europeia, 229 euros (R$ 1.450) em comparação com 199 euros (R$ 1.250) para o Poco M3 Pro. Somente o design e o launcher distinguem estes dois modelos. Aconselho, portanto, a optar pelo Poco M3 Pro 5G neste caso.
O Realme 8 5G também tem especificações similares com uma tela LCD de 90 Hz, um chip Dimensity 700, um trio de sensores 48+2+2 MP, uma bateria de 5.000 mAh com um carregador de 18 W e, acima de tudo, um preço de 199 euros. Exceto que a configuração base do Realme 8 5G traz 6 GB de RAM, contra os 4 GB do Poco M3 Pro.
Para ter 6 GB no Poco M3 Pro, você tem que pagar 229 euros. Nesse caso, eu recomendaria o Realme 8 Pro. Mas, pessoalmente, se eu tivesse que gastar entre 199 e 229 euros em Xiaomi ou Poco, eu optaria pelo Poco X3 Pro, que infelizmente ainda não pudemos testar.
Pelo mesmo valor do Poco M3 Pro mais caro, o X3 Pro oferece uma especificação quase topo de linha com um Snapdragon 860, tela LCD de 120 Hz, o mesmo módulo de câmera, mas com uma lente ultrawide de 8 MP, uma bateria maior de 5.160 mAh e uma carga com fio mais rápida de 33 W.
É por isso que só estou dando ao Poco M3 Pro 5G uma nota de 2,5/5. É um bom smartphone intermediário com uma relação custo-benefício muito boa na Europa. Mas ele não tem outra razão de existir senão a de confundir os consumidores, acrescentando mais uma opção ao complicado catálogo da Xiaomi.
Na minha opinião, quanto mais boas opções melhor para nós consumidores , o resto é choro.
1:58h para carregar a bateria e acha ruim. Não tem o que fazer não, cara?
Acredito que o comentário foi dentro do contexto do segmento...
O Xiaomi Redmi Note 10 (33 W para 5.000 mAh) e o Realme 8 Pro (50 W pra 4.500 mAh) carregaram a bateria em pouco mais de 1h com o carregador de fábrica:
https://www.nextpit.com.br/xiaomi-redmi-note-10-teste#review-battery
https://www.nextpit.com.br/realme-8-pro-review#review-software
Xiaomi e suas submarcas estão com força total... Haja lançamento.