Conheça 10 smartphones Android que ousaram pensar “fora da caixa”
Atualmente, o Android ocupa 75% do mercado global de dispositivos móveis, e o fato de ser um sistema aberto, que pode ser usado por qualquer fabricante, certamente colaborou bastante para este sucesso. E para se diferenciar em um mercado onde todos rodam o mesmo sistema e os mesmos apps, várias fabricantes tentaram conceitos e idéias ousadas, às vezes à frente do seu tempo. Relembre conosco alguns dos smartphones mais estranhos que chegaram ao mercado nos últimos 10 anos.
LG Optimus 3D
Lançado em 2011, no auge da febre pelas TVs 3D, o LG Optimus 3D tinha uma tela capaz de exibir imagens em 3D sem a necessidade de óculos especiais, de forma similar ao Nintendo 3DS. Com ela, você podia assistir a filmes e ver fotos em 3D, e também jogar alguns jogos com suporte à tecnologia, como uma versão especial de Asphalt 6.
Na traseira havia duas câmeras de 5 MP capazes de fazer fotos e filmes em 3D, que podiam ser vistos na tela do próprio aparelho ou em uma TV compatível. O efeito 3D era bom, e a tela não cansava os olhos, mas a baixa autonomia de bateria (3 horas no modo 3D) e a falta de conteúdo apropriado impediram o sucesso da idéia.
Que fim levou? A LG chegou a lançar dois outros aparelhos com telas 3D (o Optimus 3D Max e Optimus 3D Cube), mas abandonou a idéia após cerca de um ano, quando ficou claro que o efeito 3D não era um diferencial importante para os consumidores. Uma pena
Samsung Galaxy Beam
Em 2012, a Samsung teve a idéia de incorporar um projetor a um smartphone. Fazia sentido, já que com isso o aparelho poderia ser uma ferramenta mais útil tanto para os negócios (projetando uma apresentação em uma reunião) quanto para o entretenimento. Nascia assim o Samsung Galaxy Beam.
O projetor de 15 Lumens tinha resolução nHD (640 x 390 pixels) e era capaz de projetar imagens de até 50 polegadas. Segundo a Samsung, a autonomia da bateria, com o projetor ligado, era de cerca de três horas. Mas um dos principais problemas do aparelho era o preço: R$ 1.700, em uma época em que a cotação do dólar era 2 pra 1. Hoje em dia, seria o equivalente a quase R$ 3.400.
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Que fim levou? A Samsung tentou emplacar uma sequência com hardware um pouco melhor mas o mesmo projetor, chamada Galaxy Beam 2, em 2014. Desde então, fabricantes como a Motorola (com seu módulo Insta Share Projector na família Moto Z) e a Quantum (com o Quantum V) apostaram na idéia, mas nenhuma delas teve grande sucesso.
Motorola Atrix
Ah, tenho boas memórias desse. Lançado em 2011, ele era chamado de "o smartphone mais poderoso do mundo" pela Motorola por causa de seu processador topo de linha e uma característica única: podia se transformar em um notebook.
Não, você não leu errado. Por si só, o Atrix era um "flagship" típico da época, com uma tela de 4.0" (que não era HD) e um processador Nvidia Tegra 2 Dual-Core. Mas com um acessório chamado Lapdock ele se transformava em um notebook compacto, muito similar a um Macbook Air Preto.
A Lapdock tinha bateria, uma tela de 11,6” e um teclado. Bastava plugar o smartphone à dock usando um berço na dobradiça da tela, abrir a tela e pronto! Notebook instantâneo. No modo Laptop o Atrix rodava um ambiente Linux um tanto limitado, com o navegador Firefox 1.6, e também tinha um utilitário que permitia espelhar a tela do smartphone em uma janela, para que você pudesse continuar usando seus apps Android.
O mais legal da Lapdock era que a bateria dela recarregava a do smartphone, então você podia plugar um Atrix com meia carga, usar a Lapdock por mais de uma hora e desplugar o smartphone com a bateria cheia. E ela tinha energia suficiente para três cargas completas em um Atrix.
Infelizmente, o baixo desempenho no modo “Notebook” (que estava mais para Netbook) e o preço da Lapdock (vendida separadamente) prejudicaram seu sucesso. Isso não me impediu de cobrir a CES de 2012 inteira usando apenas o Atrix e uma Lapdock, incluindo produção de textos, fotos, vídeos e upload desse material para a redação. O segredo? Eu “hackeei” minha Lapdock, o que permitia a instalação de qualquer app Linux, tornando-a muito mais versátil.
Um ponto digno de nota: o Atrix foi o primeiro smartphone Android com leitor de impressões digitais. Era um tipo diferente de sensor (você deslizava o dedo sobre ele), mas estava lá!
Que fim levou? A Motorola chegou a lançar uma segunda versão da Lapdock, chamada de Lapdock 100, compatível com alguns outros de seus smartphones. Mas depois o conceito morreu, e nunca mais foi tentado por nenhum outro fabricante. Uma pena, porque com os processadores atuais os smartphones topo de linha têm um desempenho muito maior do que um notebook de entrada. Já pensou em um Moto Z que vira Chromebook? Tome nota, Moto.
Xperia Play
Para um gamer como eu, o Xperia Play parecia um sonho: um smartphone com um gamepad integrado, e que ainda por cima rodava jogos de PlayStation! Melhor que um desses, só dois desses!
O gamepad deslizante ficava atrás da tela, em um design muito similar ao que foi usado mais tarde pela própria Sony no PSP Go. Lá havia um direcional, os tradicionais botões de ação (Triângulo, Quadrado, Círculo e Cruz), botões Select e Start e um touchpad com dois direcionais analógicos. Além disso, havia também os gatilhos L e R.
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Os controles funcionavam muito bem, e em jogos suportados era uma delícia jogar com ele. Mas o Play fracassou por alguns motivos: não havia jogos “de peso” que justificassem a compra de um: todos os jogos Android que você podia rodar nele, podia rodar também em outros smartphones.
Os jogos de PlayStation seriam um atrativo, mas a Sony pisou muito na bola e lançou poucos títulos. Para se ter uma idéia, quando o aparelho foi lançado o único jogo de PlayStation disponível no Brasil era Crash Bandicoot 2, e ficou assim durante um bom tempo. Outro problema era o preço: R$ 1.899 na época do lançamento. Com esse dinheiro você podia comprar um smartphone muito mais poderoso, como o Galaxy S2, e rodar os mesmos jogos.
Que fim levou? A Sony nunca lançou uma sequência para o conceito, e com a rápida evolução do mercado o Xperia Play logo se tornou irrelevante frente a aparelhos mais poderosos. Dois anos atrás a Motorola lançou um gamepad para os Moto Z que os transforma em videogames portáteis, mantendo a idéia viva.
Yotaphone
O YotaPhone, da Yota, chegou ao mercado em 2013 trazendo uma idéia interessante: uma segunda tela nas costas. Feita com e-ink, mesmo material usado em e-readers como o Kindle, ela foi projetada para que você pudesse consultar informações como notícias e a previsão do tempo, ou ler um e-mail ou eBook, sem ter de ativar a tela principal. Com isso, economizaria bateria, já que telas e-Ink tem um consumo mínimo quando comparadas a um LCD.
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De resto, era um smartphone Android (4.2) normal, com tela LCD HD de 4,3” e câmera traseira de 13 MP. O aparelho foi lançado apenas na Rússia (onde a Yota atuava como operadora de telefonia), o que limitou seu apelo, mas teve duas sequências, o YotaPhone 2 em 2014 e o YotaPhone 3 em 2017.
Que fim levou? Apesar do conceito único e de ter chamado a atenção da imprensa global, as vendas dos YotaPhones não foram o suficiente para garantir a sobrevivência da empresa, e a Yota abriu falência em Abril deste ano. A chinesa HiSense chegou a lançar alguns smartphones com o mesmo conceito, mas a idéia não se espalhou entre outros fabricantes.
Lenovo Phab 2 Pro
O Phab 2 Pro foi o primeiro – e um dos poucos – smartphones baseados em um projeto de pesquisa do Google conhecido como Project Tango. A idéia era criar um novo conjunto de sensores e software que permitiria a um smartphone ou tablet criar um mapa tridimensional do ambiente ao seu redor, que poderia ser usado em aplicações de realidade aumentada.
O conjunto de câmeras incluía um sensor de 16 MP com PDAF e abertura f/2.0, um sensor de profundidade e uma câmera e emissor infravermelho. No software incluso estavam uma câmera que usava os recursos de AR para colocar gatinhos, cachorrinhos ou um jardim em suas fotos e um app que funcionava como uma “trena” para medir objetos.
Que fim levou? O único outro fabricante a lançar um smartphone compatível com o Project Tango foi a ASUS, com o Zenfone AR. Com poucos aparelhos no mercado, poucos desenvolvedores se animaram a tirar proveito da tecnologia, criando um círculo vicioso que levou à morte da idéia.
A Google abandonou a plataforma Tango em Março de 2018, em favor de uma nova tecnologia para realidade aumentada chamada ARCore. Câmeras ToF, que vêm sendo usadas em um número cada vez maior de aparelhos para medir a profundidade na cena, são outra herança do projeto.
Zenfone Zoom (1a. Geração)
Lançado no finzinho de 2015, o primeiro Zenfone Zoom (ZX551ML) chamava a atenção pelo zoom óptico de 3x incorporado à sua câmera traseira de 13 MP. E quem reclama de um “anelzinho” em volta da câmera nos smartphones modernos deveria ver o imenso disco que ocupava boa parte da traseira deste modelo.
Ainda assim, podia ser considerado um smartphone fino, com 12 mm de espessura. O segredo era o arranjo “lateral” das lentes, formando uma espécie de periscópio. O acabamento em couro na traseira chamava a atenção, mas não resiste ao tempo e se desgasta facilmente.
Um defeito do Zenfone Zoom é que ele aquecia muito sob uso intenso, por causa do processador Intel Atom Z3590 usado. Não era o suficiente para ser perigoso, mas certamente era incômodo e podia assustar alguns usuários.
Quem fim levou? A ASUS revisitou a idéia dois anos depois com o Zenfone 3 Zoom, desta vez com uma câmera muito mais discreta, porém zoom óptico de 2,3x. Quem manteve a chama acesa foi a Huawei, que usou um sistema de lentes similar no aclamado Huawei P30 Pro, porém com zoom óptico de 5x, que pode chegar a 10x com excelentes resultados em um modo “híbrido” que combina zoom óptico e digital.
Motorola Defy
Admito, me diverti muito torturando um Defy. Lançado em 2010, o aparelho chamava a atenção pela resistência a quedas e água, poeira e riscos. Eu mostrava o aparelho aos amigos, dizia que era resistente, o deixava cair de um metro de altura em um piso de concreto e mostrava o resultado: nenhum arranhão sequer.
Tentei riscar a tela usando as chaves de casa e apunhalar ela com uma chave de fenda, e ele também saiu ileso. O segredo? Gorilla Glass, que na época era novidade. Sujou? Era só botar embaixo da torneira e lavar. A autonomia de bateria era outro destaque: em um teste que fiz na época do lançamento ele ficou 15 horas fora da tomada, sob uso típico, e ainda tinha 50% de carga restantes.
Que fim levou? A Motorola lançou alguns outros modelos sob o nome Defy, incluindo uma versão “Mini” e um “Defy Pro” com teclado ao estilo BlackBerry. O Moto X Force e o Moto Z2 Force, com suas telas quase indestrutíveis, podem ser considerados seus sucessores. Mas seu espírito continua vivo em qualquer smartphone moderno com certificação IP68 contra entrada de água e poeira. Valeu, Defy!
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Sony Xperia X10 Mini
Os smartphones normais comeram fermento, e a tendência é que tenham telas cada vez maiores. Lembro-me de quando vi pela primeira vez um aparelho com tela de 5” e brinquei que era praticamente um tablet. Mas em 2010 a Sony ousou pensar na direção oposta e lançou o Xperia X10 Mini, um smartphone que media apenas 5 x 8 cm e pesava apenas 88 gramas.
A tela tinha 2,55 polegadas e resolução de 240 x 320 pixels. Por causa do tamanho, a Sony adaptou o software, que trazia atalhos úteis tocando nos cantos da tela (para evitar botões) e um teclado virtual estilo “T9”, como nos celulares “de antigamente”. A câmera fazia boas fotos, mas a bateria desapontava: apenas 9 horas e meia de uso típico. Também pudera, ela tinha capacidade de apenas 950 mAh.
Não contente em lançar um smartphone com uma tela minúscula, a Sony colocou um teclado minúsculo em um outro modelo, o Xperia 10 Mini Pro. Ele era um pouquinho maior que o X10 Mini, e por isso as teclas eram minúsculas e impossíveis de usar por quem tivesse dedos grandes.
Que fim levou? No ano seguinte, a Sony lançou o Xperia Mini e Xperia Mini Pro, com telas um pouco maiores (3 polegadas) e hardware um pouco mais poderoso. Poucos fabricantes ousaram lançar aparelhos tão pequenos, e o Motorola FlipOut (veja abaixo) e o Palm Phone, com sua telinha de 3,3” e tamanho similar ao de um cartão de crédito, podem ser considerados como alguns de seus poucos sucessores.
Motorola Flipout
Houve um tempo em que a Motorola realmente acreditava que teclados físicos seriam um diferencial entre os smartphones Android. Seu primeiro modelo, o DEXT, tinha um, e o primeiro Android “matador de iPhone”, o Milestone, também. E não podemos nos esquecer do Backflip, com um teclado nas costas. Mas, para mim, o mais interessante desta série foi o Flipout, lançado em 2010.
O design era baseado em um feature phone, o Motocubo A45. Fechado, ele era um “quadradinho” de 6,7 x 6,7 cm e 17 mm de espessura. Mas bastava “girar” a tampa traseira e ele revelava um teclado QWERTY completo, que tinha até um minúsculo direcional no canto inferior esquerdo.
A tela também era diferente, por causa do formato do aparelho. Era quase quadrada, com resolução de 320 x 240 pixels. Suficiente para mensagens de texto, redes sociais (um dos apelos do aparelho) e fotos. As cores da tampa traseira (entre elas laranja, roxo e rosa) também eram um atrativo em uma época em que a maioria absoluta dos aparelhos era preta.
Que fim levou? Junto com os Xperia Mini, o FlipOut foi vítima da tendência de smartphones cada vez maiores e com maior resolução. Isso também possibilitou teclados virtuais melhores, o que eliminou a necessidade de teclados físicos. É uma idéia que provavelmente não veremos novamente.
E você, já teve algum destes smartphones? Conhece algum aparelho estranho que ficou de fora? Compartilhe sua experiência nos comentários.
Concordo Douglas, apesar de ser mais novo do que os falados na matéria, acho totalmente inovador o conceito também.
Excelente matéria AndroidPit, como um colega disse antes, fazia tempo que não lia uma matéria tão interessante, que prende a atenção e nos faz ficar com um gostinho de quero mais.
Foi o x10 mini meu primeiro Android
Tive um x10 mini mas sem o teclado.
Acho que o Samsung Galaxy K Zoom merecia estar nessa lista tbm, ou até o da Energizer, sla...
Por pouco o Atrix não foi meu primeiro Android, mas quando comparei ele com o S2, não tive dúvida sobre qual comprar! Permaneci com aparelhos Samsung por muito tempo graças a este S2!
Que matéria boa de ler... a muito não entrava no Android Pit e tinha um artigo tão interessante. Destes apresentados lembro do anuncio de todos. O que mais me chamou a atenção foi o Atrix com sua Lapdock. Um modo dex real kkkkkkk
Eu tive o Defy. Foi meu primeiro Android e até hoje lembro da emoção do primeiro smartphone kkkk Era simplesmente incrível ter um aparelho que não riscava a tela e ainda era resistente a água.
Também faltou um, acho que da Asus, que podia ser colocado dentro de um tablet, para usar com tela grande. Era como o Atrix, mas mais compacto e bem acabado.
Bem lembrado, era o Padphone
Caraca! Um smartphone que gravava e reproduzia em 3D?!? Que se danem os dobráveis!!! O Xperia Play deixou descendentes... mas ele era mais prático. Agora, a coisa do 3D eu não sabia... sério mesmo que ninguém se interessa por isso?
Sério, por algum motivo ninguém se interessou pelas TVs 3D, com isso ninguém se interessou em produzir conteúdo, reduzindo ainda mais o interesse e apelo comercial até que foi deixado pra trás...
TV 3D acho que foi um grande "flop" da indústria dos eletrônicos. A tecnologia era muito bacana, mas não funciona bem para todos. Eu por exemplo, tenho astigmatismo, e usar um outro óculos por cima do óculos, acho que tira muito da experiência, me dando a impressão que o efeito 3D é bem xumbrega.
Cheguei a testar com alguns jogos na época (um dos Batman, acho que o Arkham Asylum), mas o efeito parecia ser um pouco mais intenso que o do portátil da Nintendo, o 3DS, mas nada muito interessante. Devo ter usado dessa vez, e nunca mais mexi com o tal 3D da TV.
Concordo e acho que, somado ao fato citado por você, muitas pessoas não aderiram ao 3D justamente por ela ter chego logo depois das TVs LCD e LED... Eu por exemplo tinha acabado de comprar minha primeira TV de LED quando começaram a aparecer as 3D, que obviamente eu me recusei a comprar naquele momento.
Bem... Não era um 3D que saltava da tela! Muito longe disso! Era um 3D onde a imagem tinha profundidade! O contrário do que se pensa quando se fala em 3D.
Tive um e não achava grandes coisas. Era legal e tudo, mas nada de 3D de verdade como pensa!
Faltou o S4 zoom
Achava o Nokia N95 sensacional (tudo bem que não era Android, ou era, sei lá rsrs).
Não era. A Nokia (antes de ser comprada pela Microsoft) usava um sistema próprio chamado Symbian.
Que era muito melhor que Windows phone
O que me incomoda atualmente é essa tendência de telas compridas e cada vez mais estreitas uma tela 16x9 de 6" que antes era considerada enorme hoje parece pequena porque é muito estreita...