O seu telefone ficou inteligente; agora é a vez dos seus eletrodomésticos

O que nos aproxima de uma casa inteligente

Depois de alguns anos apenas ouvindo falar sobre como os nossos eletrodomésticos poderiam tornar nossas vidas mais eficientes, ver a Samsung apresentando uma dezena de produtos que saem da sala de estar e chegam até a cozinha e a área de serviço me mostra que estamos bem mais perto de uma smarthome (ou casa inteligente, se preferir).

Assim como o telefone ficou inteligente, os seus eletrodomésticos também ficarão

Aliás, ontem, durante o evento da Lenovo, muito se falou sobre dispositivos como tablets desenhados para melhor atender as necessidades dos usuários - um simples exemplo é estarmos cozinhando e assistindo a uma série no tablet, com um suporte para permanecer em um ângulo de 90 graus. A Lenovo apresentou o Yoga Book como uma solução moderna para isso. Já a Samsung colocou um tablet gigante na porta da gelareira.

Estamos acostumados a exigir cada vez mais dos nossos smarphones: queremos mais bateria, mais qualidade de áudio, uma tela maior e sempre mais. Contudo, como comentei no review preliminar do Moto Z Play, vencer a limitação dos nossos aparelhos pode estar nas tecnologias que nos permitem otimizar funções através de módulos, ou tornar o mundo ao nosso redor mais inteligente, indo de encontro ao que chamamos de Internet das Coisas.

Um bom exemplo são estes dois sensores que você vê abaixo: desenvolvidos pela Samsung em parceria com o S Health, eles transformam a sua bicicleta convencional em uma máquina de spinning. Os sensores medem a velocidade e dados como as rotações por minuto feita na sua prática esportiva. Aqui, seu smartphone está conectado aos sensores via Bluetooth, capaz de funcionar como uma daquelas máquinas enormes de academia, mas sem ocupar tanto espaço na sua casa ou no seu bolso.

A tendência é a de que os eletrodomésticos se tornem cada vez mais eficientes e inteligentes como nossos smartphones. Isso aconteceu com nossos computadores, que se transformaram em nossos smartphones e, agora, a distância entre os nossos eletrodomésticos e o mundo conectado está diminuindo a passos largos. Contudo, ainda existem muitas ressalvas a serem consideradas.

O que nos distancia de uma casa inteligente

Este é o Powerbot Vr 9300, o robô da Samsung com função aspirador de pó. Este dispositivo pode ser controlado usando um smartphone ou tablet rodando com Android ou iOS. Ele é super bem desenhado, possui uma hora de bateria e funciona de forma que você possa programar as limpezas da casa. O aparelho faz um mapeamento da sua residência e, quando você chegar do trabalho, bastará abrir uma garrafa de vinho e acionar o Netflix.

Contudo, isso ainda tem um preço bastante alto. Este dispositivo tem o preço sugerido de 1.199 euros, aproximadamente, R$ 4.330,31 sem o acréscimo de taxas ou impostos. Logo, aquilo que chamamos de smarthome ainda está longe da realidade da maioria de nós (ou dos nossos bolsos).

Mais do que isso, questões em aberto como a mão de obra que tais produtos irão substituir - bem como dilemas relacionados à sustentabilidade de tais produtos - só poderão ser realmente avaliadas a partir da adesão de mais pessoas a estes eletrodomésticos inteligentes. Sem dúvidas a tecnologia vai auxiliar no uso eficiente de energia, mas a que preço?

Durante o showroom da Samsung na IFA 2016, tive a chance de falar com Mario Laffitte, Vice-Presidente de Marketing, Comunicação e Relações Governamentais da empresa na América Latina. Perguntei a ele sobre a expectativa de termos estes produtos inteligentes no Brasil, bem como em outros países da América do Sul. De acordo com Laffitte, o consumidor latino quer produtos mais eficientes e mais flexíveis e que se adaptam a sua necessidade e a Samsung sabe que terá como obstáculo o valor de mercado de tais dispositivos:

"A questão tributária é uma questão de realidade local, não é homogênea na América Latina e varia de país para país. No mercado brasileiro ela tem uma situação bastante específica, mas, falando de mercado, é uma realidade para todos. O mercado latino-americano é muito importante para nós; a região toda tem uma importância estratégica, somos mais de 600 milhões de habitantes, somos latinos e gostamos de nos expressar através do nosso consumo. Em 2016, a região está cada vez mais conectada com o mundo; nós queremos construir coisas de qualidade e avanço tecnológico e isso transforma a América Latina um lugar muito interessante para a Samsung desenvolver seus negócios."

Entretanto, apesar deste sopro de otimismo na declaração de Laffitte, a sensação que tenho é a de que quanto mais nos aproximamos de um cenário no qual estaremos "hiperconectados", mais longe estamos de uma democratização desta tecnologia. Em outras palavras, ainda existe uma grande distância entre o usuário comum e os eletrodomésticos inteligentes. Bom, pelo menos os comercializados por grandes companhias como a Samsung.

E aí, você concorda que os eletrodomésticos inteligentes são os novos smartphones?