Moto Edge+: Motorola entra de vez na briga dos tops ou é fogo de palha?
Finalmente, após anos de espera, os fãs da Motorola ganharam uma opção digna de topo de linha para chamarem de "seu". O Edge+ chega ao mercado com hardware parrudo e com toda a pompa tecnológica que um verdadeiro topo de linha precisa para ser levado a sério no mercado.
Mas, será que este dispositivo é só o ponto de partida de um plano mais ambicioso para essa fatia do mercado tão concorrida, ou o Edge+ é uma tentativa meio "morde e assopra" da Motorola?
Poucas empresas podem lançar topos de linha atualmente e serem levadas a sério pelos usuários. Isso porque a tecnologia se tornou mais acessível com os anos, e o entendimento de que um produto bom não precisa ser absurdamente caro tem se tornado o mantra de muitas pessoas que precisam comprar novos smartphones todos os anos.
Prova disso vem dos principais players deste segmento, que estão apostando em opções mais acessíveis que carregam nome e sobrenome de seus irmãos mais caros, como Galaxy Note 10 Lite, o S20 (sucessor do S10E) e os iPhones XR e 11. A própria Xiaomi está no hall de marcas que conseguem transitar entre segmentos praticando preços que vão da ponta de entrada até os mais altos sem ser questionada pela sua base.
Se movimentar entre segmentos e estar presente em faixas de valores distintas requer habilidades que nem toda marca pode ter, embora isso não impeça todas elas de tentarem. A LG e a Asus, por exemplo, não se saem bem nesse segmento premium, onde seus produtos são vistos com mais resistência pela ótica comum de vários consumidores exigentes.
Essa presença abrangente entre segmentos é reflexo de estratégias que se solidificam através de um árduo trabalho de posicionamento de marca. Isso faz com que um usuário conheça o valor agregado a proposta do produto sem sequer entender suas especificações técnicas. E é nesse ponto que entra a Motorola, uma marca que vem trabalhando há anos no posto de melhor investimento para orçamentos menores, o famigerado segmento intermediário.
Aliás, foi assim que a Motorola conseguiu sobreviver no mercado que já era bastante desafiador em meados de 2012. O primeiro Moto G e Moto X se tornaram best sellers da marca e, mais que isso, encabeçaram versões e variantes que ao longo dos anos se superaram e, basicamente, ofuscaram qualquer estratégia da Motorola de se aventurar em outros segmentos.
As versões Force, por exemplo, que traziam vidro a prova de quebra, ficaram reservadas ao entendimento do usuário avançado. Os Moto Z, por sua vez, não traziam hardware potente e, apesar de terem se tornado popular, não fizeram com que a Motorola avançasse outras casas entre segmentos além do intermediário avançado (fora a ideia dos módulos que não caiu no gosto popular). A série Moto One foi uma investida mais recente, que começou erguendo uma das principais bandeiras da empresa, a do software puro e com atualizações rápidas, mas acabou se desvirtuando com o tempo.
No final das contas, todas as investidas da Motorola se restringiram ao segmento médio. Processador poderoso não faz topo de linha, visto que as pessoas buscam por muito mais que isso, como tela de alta resolução, armazenamento grande e ouros atributos que embalam um verdadeiro rei.
Recentemente, depois da empreitada da série Moto One, a Motorola resolveu voltar a apostar naquilo que lhe traz dinheiro: o bom e velho Moto G. Veio, então, uma enxurrada de Moto G7 e Moto G8, com o feito inédito de lançar duas séries com o mesmo nome em 2018. O que me leva a acreditar que vai ser bem difícil se posicionar no segmento premium a partir de agora, sobretudo em tempos de pandemia, desaceleração da economia mundial e com o Moto Edge+ custando 1.000 dólares lá fora.
Se mudar o processador para baratear preço no Brasil, a Motorola estará subindo em cima do muro. Ao fazer alterações pontuais ou mais generalizadas no hardware, poderá entrar em descrédito rapidamente diante do público mais exigente. Se essas coisas acontecerem, o Moto Edge+ pode rapidamente perder o selo de top e passar a ser visto com um intermediário premium, algo comum para o portfólio da empresa.
O que mudará, contudo, é que ele trará (ou não) margens de lucro mais interessantes para a empresa. E é só isso mesmo. Sem um plano bem estruturado e, mais que isso, que posicione a empresa como uma geradora de produtos de alta gama, a Motorola seguirá o baile de marca intermediária de confiança.
E você, acha que o Edge+ é um novo horizonte para a Motorola?
A Motorola quando saiu da Google perdeu a proposta de aparelho bom e barato que tinha Android puro e não deixava a desejar nas atualizações como é o caso da Lenovo sem contar que o moto z3 play é pior que um moto g que câmera ruim acho que deveriam criar uma regulamentação que obrigue o fabricante a atualizar seus produtos imaginem daqui a três anos esse moto Edge,s20 e iPhone xr que são aparelhos topo e bem caros sem atualização só pra obrigar o consumidor a comprar outro aparelho !
O Android da Motorola será determinante para isso.
Mandar patches apenas bimestralmente e apenas o Android 11 pode ser um problema.
E só o que o "Android puro" oferece pode não ser o suficiente para o público-alvo desses aparelhos.
Imaginem o Motorola Edge oferecendo a mesma experiência de um Moto G apenas se distinguindo no hardware e design? Já deu errado com o Moto Maxx e Moto X Force, e vai dar errado de novo.
Os aparelhos da linha Force não possuem tela de vidro, e sim de plástico, tanto que eram frequentes as reclamações por arranhões fáceis
Sei lá, o mercado dos high ends está bem congestionado , a motorola terá que se esforçar para ter alguma relevância neste segmento
Meu primeiro celular foi uma motorola, ainda me lembro.
A questão por trás desta matéria é: até que ponto você considera um smartphone de alto nível um topo de linha ou um intermediário premium? E até que ponto ele pode custar tão caro com base no conjunto que ele oferece?
Isso me trouxe de volta a um passado não muito distante no caso da Motorola, em que duas situações praticamente repetidas no seu tempo de ouro se valeram:
• 2013, com o Moto X - quando o LG G2, o Xperia Z1 e o Galaxy S4 foram apresentados ao mundo, na mesma época a Motorola lançava o aparelho que transformaria o conceito de topo de linha Brasil oferecendo a experiência totalmente agradável entre hardware e software, sendo digno de ser comparado ao smartphone-modelo do Google, o Nexus 5, só que custando quase 30% abaixo dos seus concorrentes. Seu diferencial era o Moto Voz, novidade na época junto ao S-Voice da Samsung (lembrando que o Galaxy S4 apresentou dezenas de funções que fariam ele ser o mais "inteligente" dos demais, o tornando tão caro).
• 2014, com o Moto X (2014) - quando o Galaxy S5 (este, que trouxe o leitor de batimentos cardíacos e o leitor de impressões digitais, reforçando toda a inteligência do S4), o LG G3 (que inovou com o primeiro display QHD no mercado, um sensor OIS para fotos e a imersão de áudio) e os Xperia Z2 e Z3 (aparelhos com a bateria mais durável para a época) foram lançados, mais uma vez a Motorola by Google "hitou" no mercado, lançando um topo de linha com um poder de fogo tão alto quanto os outros, repetindo a harmonia entre hardware e software, com o Snapdragon 801 aliado ao Android quase "puro", porém, reduzindo o valor em mais de 50% por duas vezes seguidas (valor de R$999 no fim de 2014 e em meados de 2015).
Claro que as câmeras, problema gravíssimo nos Moto X, eram motivo mais do que suficiente para derrubar e muito o valor destes aparelhos lá embaixo, mas se pararmos e analisarmos, ambos continuaram sendo um sucesso de vendas, garantindo um "lugar ao sol" para a Motorola e sim, trazendo o lucro que ela esperava, mesmo sendo de maneira errada. A mesma tentou repetir esse feito mais uma vez com o Moto X Style (sob a responsabilidade da Lenovo), mas falhou miseravelmente após diversos problemas de vício oculto na placa mãe e burn-in no display, que mesmo apresentando a resolução QHD, era composto por cristal líquido.
Tentou. Não conseguiu. E abandonou o segmento premium, focando nos países em desenvolvimento, investindo na série Moto G, que sempre trouxe grana aos seus cofres.
Por meio destes dois + um exemplos aí em cima, dá para se ver claramente que a Motorola não possui a experiência necessária para fabricar um smartphone topo de linha, ainda mais sob a gestão da Lenovo, o que piora ainda mais as coisas. Ela pode fazer? Pode. Mas no final, a qualidade de construção a condena.
E, por mais que um smartphone possua um SOC de topo de linha, o usuário SEMPRE vai querer algo a mais, seja este sensor telefoto na câmera, seja uma taxa de atualização de 90 ou 120Hz no display ou algum recurso exclusivo da marca, não apresentado em nenhum outro aparelho. O Edge+, pelo fato de vir com o Android One embarcado no mercado, e até oferecendo outra receita de experiência, não vai ter recursos proprietários, ao invés de todos os outros aparelhos com interfaces nativas. E isso vai fazer com que o preço despenque de maneira exagerada, como aconteceu com os primeiros Moto X.
Podr dar certo como não pode. Mas ver a Motorola entrando de cabeça no mercado premium, simplesmente colocando um smartphone com SD865 a US$1.000 em um terreno onde fabricantes consagradas e atuantes há anos como Xiaomi, Samsung, Apple e Asus reinam absolutas no Brasil para concorrência é, no mínimo, uma jogada de alto-risco. Vou considerar o Edge+ como um topo de linha para classes mais baixas até ele realmente me surpreender. E que faça jus ao título, né...
Muito bom saber...👍🏻