Samsung Galaxy Note vira nome de estação de metrô em Madri
Não é novidade para ninguém que a Espanha está mergulhada numa crise econômica que parece ser incontornável. E não muito diferente do que temos acompanhado quando o assunto é Grécia, a ordem no país ibérico é a de conter gastos por todos os lados. E claro que como uma das formas de manter subvenções à população, muitas vezes os governos devem estabelecer parcerias público-privadas. Enxuga-se o Estado sem que serviços ou benefícios sejam necessariamente cortados. Para se ter uma ideia, 60% do custo de um bilhete no metrô de Madri são subvenções públicas. Ora, como cortar tal gasto e ainda não criar mais descontentamento na população espanhola, já farta de ausência de soluções para a crise que assola quase todos? Afinal, cortes nas subvenções devem significar aumento no preço da tarifa do metrô... Pois bem, a empresa que administra o serviço metroviário em Madri, a Metro, resolveu investir no conceito de street marketing. Como tal conceito deverá ser aplicado às estações de metrô de Madri? Simples: as estações passam a carregar, junto com seu nome tradicional, uma marca. O melhor exemplo disso é que a estação Praça Sol passou a chamar Estação Sol Galaxy Note! Isso mesmo: a Samsung patrocina o serviço metroviário de Madri e dá o nome de seu dispositivo Android para uma das estações da cidade.
A estação Sol é símbolo de resistência ao sistema
As reações podem ser bem díspares diante de tal fato. Antes de mais nada, vale lembrar que a estação Sol foi o palco de uma das manifestações políticas mais importantes nos últimos anos na Espanha, onde se reuniram milhares de pessoas para demonstrar sua indignação diante da inação dos governantes espanhóis perante a crise por qual passa o país. Imagine, portanto, que a estação Sol passou a ser quase que um símbolo não somente contra a crise, mas até contra o capitalismo. Como, portanto, interpretar a atitude da Metro de criar uma parceria com uma gigante do capitalismo, como é o caso da Samsung? Há quem veja nessa PPP uma das soluções para a crise espanhola. Outros, por sua vez, analisam tal fato como um grande sarcasmo e ironia dos setores públicos. Afinal, por que iniciar um projeto de street marketing justamente no foco de resistência ao sistema?
Deixamos claro que a Espanha não é o primeiro país que traz esse tipo de solução. Mesmo as linhas de metrô de Berlim são tomadas por cartazes publicitários. E obedecendo ao mesmo princípio de Madri, desde 2009, a estação do Brooklyn em Nova Iorque passou a chamar Barclays. O fato é que são contextos sociais e políticos totalmente diferentes que regem EUA, Alemanha e Espanha. E no caso dos espanhóis, a tal parceria pode, na verdade, indigná-los mais ainda. O que vocês acham: a solução deve ser louvada ou criticada por seu conteúdo, que pode muito bem ser interpretado como sarcástico e irônico?
Fonte: El País
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