Review do Asus ZenFone 8: o Android anti-flagship
O ZenFone 8 foge da fórmula tradicional dos celulares topo de linha, seguindo uma receita mais sensata e totalmente contra a maré dos monstros ultra high-end da Samsung ou Oppo. Tudo em um formato compacto semelhante ao do iPhone 12 Mini, o que exigiu alguns sacrifícios que explico neste review.
Prós
- Design compacto e muito elegante
- Tela de 120 Hz
- O poder bruto do Snapdragon 888
- Preço agressivo no exterior
- IP68
- Entrada para fones e som HD
Contras
- Conjunto fotográfico não muito versátil
- Problemas de superaquecimento
- Carregamento limitado a 30 Watts
- Boa duração da bateria, mas não ao nível da concorrência
Asus ZenFone 8: direto ao ponto
O Asus ZenFone 8 vem em três configurações de memória 8/128 GB, 8/256 GB e 16/256 GB. No exterior, o aparelho foi lançado com preços bem competitivos, abaixo até do Xiaomi Mi 11.
Mas a relação qualidade/preço, curiosamente, não é o argumento-chave que a Asus quis destacar. Não, a fabricante preferiu se concentrar no tamanho compacto do ZenFone 8. Até mesmo a Flip Camera ficou de fora e agora está reservada para a versão "Pro", o ZenFone 8 Flip.
Saiu também o supérfluo sensor macro de 2 MP, cuja única finalidade era fazer número na ficha técnica. Mas vale lembrar que a bateria ficou com modestos 4.000 mAh, o que parece pouco para um topo de linha em 2021.
Em resumo, a Asus projetou o ZenFone 8 na contramão dos superlativos e outras estripulias de marketing típicas dos flagships Android. O The Verge se referiu ao ZenFone 8 como o iPhone 12 Mini do Android em seu teste, mas eu diria que o novo Asus é o Android anti-flagship.
Design compacto e elegante, que lembra o Google Pixel
O Asus ZenFone 8 se parece muito com um Google Pixel. É um pouco menos compacto que um Pixel 5 (ZenFone 8: 148 x 68,5 x 8,9 mm e 169 g / Pixel 5: 144,7 x 70,4 x 8 mm e 151 g). Mas é claramente um peso pena contra os mais de 200 gramas dos monstros premium na linha Android.
Gostei:
- design compacto e elegante.
- tela de 120 Hz bem calibrada e responsiva;
- saída 3,5 mm para fones;
- certificação IP68;
Não gostei:
- o tamanho da tela pode exigir uma adaptação;
- armazenamento não-expansível;
- leitor de impressão digital um pouco alto demais na tela;
A tela plana AMOLED com um recorte na parte superior esquerda, os cantos arredondados, o "queixo" bastante presente, o vidro fosco atrás e o despretensioso modulo de câmera dupla... Parece a descrição de um dos últimos Pixels.
Já escrevi muito sobre o assunto, mas este formato tem obviamente a vantagem de maximizar a "área acessível" para os dedos, um fato que cada vez mais fabricantes parecem levar em conta até mesmo em suas personalizações de software. Em resumo, a ideia é facilitar o uso com uma só mão. E, neste ponto, a Asus acertou em cheio.
Quanto à tela em si, a fluidez permitida pela taxa de atualização adaptativa de 120 Hz é muito agradável, mesmo em uma tela "pequena".
O painel Full HD+ oferece um brilho máximo de 1.100 nits, o que não é realmente extraordinário, e uma taxa de amostragem por toque de 240 Hz para jogos. Está na média do que encontramos nesta faixa de preço, sem mais. Achei as cores de fábrica um pouco desbotadas, mas uma vez que mudei para o modo padrão, fiquei satisfeito com a colorimetria.
No geral, o ZenFone 8 segue os passos, embora um pouco tardios, da Apple no renascimento dos celulares compactos, algo que apenas a Sony fez entre a linha Android. Não satisfeito em ser compacto, o Asus ZenFone 8 também é muito elegante, com um visual sóbrio e refinado, uma excelente pegada e uma tela bem calibrada que pode ser usada com uma mão!
Snapdragon 888 pegando fogo
Como quase todos os Androids flagships em 2021, o Asus ZenFone 8 é equipado com o processador Qualcomm Snapdragon 888. Para este review, a Asus emprestou a versão com 16 GB de memória RAM LPDDR5 e 256 GB de armazenamento UFS 3.1.
Gostei:
- desempenho bruto;
- não fica devendo para celulares maiores e mais caros;
- o genial menu de jogos herdado do ROG Phone 5.
Não gostei:
- superaquecimento.
Asus ZenFone 8
Benchmarks | Asus ZenFone 8 | OnePlus 9 | Xiaomi Mi 11 | OnePlus 8T |
---|---|---|---|---|
3DMark Wild Life | 5.753 | 5.683 | 5.702 | 3.812 |
3DMark Wild Life Stress Test | 5.825 | 5.716 | 5.697 | 3.792 |
Geekbench 5 (Single / Multi) | 1.124/3.738 | 1.119/3.657 |
1.085/3.490 | 887/3.113 |
PassMark RAM |
32.247 | 32.124 | 26.333 | 27.766 |
PassMark Armazenamento |
112.318 | 115.311 | 120.430 | 98.574 |
No papel, o ZenFone 8 supera — ainda que dentro da margem de erro — seus concorrentes diretos como o OnePlus 9 ou o Xiaomi Mi 11 em termos de pontuação pura. Na prática, o celular será capaz de lidar com todos os tipos de uso sem nenhum problema.
Executei os benchmarks 3DMark Wild Life e Wild Life Stress Test que simulam uma intensa sessão de jogo com 1 e 20 minutos, respectivamente. Desde que o peguei, o celular foi atualizado e repeti meu protocolo de teste que consiste em 3 sessões de cada benchmark espaçadas em cerca de 15 minutos para dar tempo ao smartphone para esfriar.
No teste de 1 minuto, o ZenFone 8 não esquentou nada, mantendo uma taxa de quadros sempre acima de 30 FPS em média.
No teste de 20 minutos, o smartphone aqueceu muito, atingindo 50°C. Não consegui segurá-lo na minha mão por mais de alguns segundos. A estabilidade só se deteriorou realmente na segunda metade do teste. No uso real em games, não notei um superaquecimento, mas o ZenFone 8 fica mais quente após 15 minutos de jogo.
Acho que é simplesmente um resultado do tamanho compacto. O Snapdragon 888 é conhecido por aquecer muito e o ZenFone 8 simplesmente não tem espaço suficiente para dissipar o calor de forma eficiente.
Em geral, fiquei convencido com o desempenho do ZenFone 8, e fiquei agradavelmente surpreso com um desempenho superior aos rivais mais caros em termos de potência bruta. Mas o superaquecimento pode ser um gol contra se você quiser usar o celular para jogos.
Módulo duplo de câmera que é um pouco zen demais
Não é apenas em termos de design que o ZenFone 8 se parece com um Pixel. Como os celulares do Google, o Asus ZenFone 8 se contenta com duas lentes, grande-angular e ultrawide. Mas não é por isso que a linha Pixel se destaca. No final das contas, a experiência fotográfica do ZenFone 8 é um tanto limitada.
Gostei:
- fotos decentes com a grande-angular;
- telefoto sem zoom, mas correto;
- modo noturno eficiente.
Não gostei:
- falta de versatilidade;
- sem lente teleobjetiva;
- ultrawide decepcionante.
Asus ZenFone 8
Lentes | Especificações |
---|---|
Lente principal de 64 MP | Sony IMX 686 |
Lente ultra grande-angular de 12 MP | Sony IMX 363 tamanho do sensor de 1/2,55 polegada abertura f/2,2 PDAF duplo Campo de visão de 113° Estabilização digital de imagem (EIS) |
Selfie de 12 MP | Sony IMX 663 tamanho do sensor de 1/2,93 polegada abertura f/2,45 PDAF duplo |
Fotos do ZenFone 8
Durante o dia e em boas condições de luz, o sensor principal oferece um bom nível de detalhe, uma faixa dinâmica bastante ampla e uma colorimetria bastante natural.
Mas as coisas pioram com a câmera ultrawide. A lente tem um campo de visão muito limitado e pode ser vista uma distorção nas bordas. Notei imediatamente uma falta de detalhes sobre os elementos mais complexos das fotos (a folhagem ficou muito desfocada) e a faixa dinâmica é bastante mal gerenciada, a metade iluminada da primeira foto abaixo ficou totalmente sobre-exposta.
Também achei que os sensores não têm consistência de cor. Sinto que a saturação é mais destacada com a lente ultra-angular - de fato, muito pronunciada - do que com o sensor principal. Finalmente, preciso destacar que o campo de visão de 113° está abaixo do padrão de mercado, de cerca de 120°.
Fotos do ZenFone 8 com zoom
Na parte de zoom, o ZenFone 8 não tem uma lente teleobjetiva dedicada e, por isso, usa um recorte + zoom digital que é feito nas fotos do sensor principal. Obviamente, não devemos esperar milagres além do zoom de 2x, sendo que a ampliação máxima é de 8x.
Mas as fotos que tirei ficaram longe de ser catastróficas. Sejamos realistas, é até normal que a Asus consiga limitar a perda de qualidade oferecendo ampliações tão baixas. Mas é melhor cumprir uma pequena promessa do que quebrar uma grande.
O melhor zoom continua sendo nossos pés, basta nos aproximarmos o suficiente do assunto, consegui até mesmo obter algumas fotos bastante decentes com zoom 8x como a estátua que você confere abaixo.
Mesmo em 8x, descobri que as imagens mantinham uma certa nitidez, embora a suavização do zoom digital cobre o seu preço, como pode ser visto no querubim do ornamento que se sobrepõe à entrada da catedral de Berlim abaixo.
Fotos noturnas do ZenFone 8
À noite, o ZenFone 8 se comporta exatamente como o ROG Phone 5. Seu modo noturno é automático e se ativa dependendo das condições de luz (embora você possa facilmente ativá-lo manualmente).
Você pode escolher entre duas velocidades de obturador, com 4 ou 7 segundos. Por padrão, fotos noturnas com uma velocidade de obturador de 4 segundos iluminam muito bem a cena. O efeito de chama das luzes da cidade é devidamente controlado, a exposição equilibrada e o nível de detalhes satisfatório.
Em geral, as fotos do ZenFone 8 claramente não são seu ponto forte. Rapidamente nos vemos limitados pelo módulo fotográfico sem zoom e com uma ultra grande-angular não tão grande assim. Os resultados são decentes, até mesmo bons em alguns casos, mas deixa um gosto de quero mais, achei a falta de versatilidade um pouco irritante em termos de experiência de uso. Mas eu certamente esperava algo pior.
Uma pequena bateria de 4.000 mAh
O Asus ZenFone 8 vem com uma bateria de 4.000 mAh que pode ser recarregada a 30 Watts. Essa é uma capacidade bem pequena para um Android topo de linha em 2021 e tem que lidar com um processador bastante beberrão, assim como com uma tela exigente.
Em uso real, consegui tirar mais de 24 horas de autonomia do ZenFone 8, incluindo 4 horas e 45 minutos de tempo de tela com a taxa de atualização fixa em 120 Hz. Isso é respeitável, mas está abaixo do que outros flagships Android com baterias maiores oferecem.
Mas para um usuário normal, que não joga durante 2 horas por dia ou usa seu celular como seu principal meio de transmissão de vídeo, um dia inteiro de duração da bateria é mais do que suficiente.
Como o ROG Phone 5, a bateria do ZenFone 8 usa a tecnologia STP (Specific Tab Process), que carrega a bateria do meio para o exterior da célula, e não de uma ponta para a outra. Isto reduz a impedância e o aumento de temperatura durante a descarga.
A Asus promete que seu carregador HyperCharge de 30 W pode carregar a bateria do ZenFone 8 de 0-60% em 25 minutos, 0-80% em 38 minutos e 0-100% em 1 hora e 20 minutos. A melhor pontuação que pude obter foi 1h22, o que me parece suficientemente próximo para considerar a promessa cumprida.
A Oppo, OnePlus ou Xiaomi obviamente fazem melhor. A própria Asus se sai melhor com seu ROG Phone 5. A duração da bateria do ZenFone 8 não é espetacular, mas não é ruim se considerarmos o conjunto. Ainda assim, tenho que admitir que não parece muito "topo de linha".
Asus ZenFone 8: ficha técnica
Asus ZenFone 8
Especificações | Asus ZenFone 8 |
---|---|
Processador | Qualcomm Snapdragon 888 |
Memória |
|
Armazenamento expansível? | Não |
Tela |
|
Câmeras |
|
Vídeo |
|
Bateria |
|
Sistema operacional | ZenUI 8, baseado no Android 11 |
Áudio |
|
Conectividade | Wi-Fi 6E / Bluetooth 5.2 / NFC / LTE / 5G / Dual nano SIM |
Certificação IP | IP68 |
Dimensões e peso |
|
Cores | Preto e prateado |
Preço | 670 € (R$ 4.330 em conversão direta) |
Conclusão
Gosto muito da proposta do ZenFone 8. É bom ver uma fabricante como a Asus não seguindo às modinhas de marketing e àquelas especificações que só servem para cumprir tabela. Especialmente depois que a Asus confirmou que oferecerá 2 anos de atualizações e correções de segurança do Android.
Vale destacar a coragem da Asus de oferecer um aparelho o mais completo possível com a enorme limitação imposta pelo formato compacto. Este é um esforço que praticamente só a Sony fez nos últimos anos, embora já podemos prever um tsunami de celulares chineses compactos seguindo a estratégia da Apple com o iPhone 12 mini.
Com o ZenFone 8, temos um flagship com preço (no exterior) competitivo, e um smartphone Android muito completo. O desempenho bruto não fica devendo em nada. A tela de 120 Hz em Full HD+ é muito boa. O design é muito elegante e fácil de segurar com uma só mão.
Por outro lado, o celular tem lá suas falhas. O smartphone sobreaquece bastante, o módulo de câmera não tem versatilidade e a autonomia da bateria não é espetacular.
Pessoalmente, se eu tivesse um uso puramente casual e de trabalho, e estivesse procurando por um celular Android topo de linha que não fosse muito caro e acima de tudo compacto, certamente poderia comprar o ZenFone 8. E acho que este público está longe de ser um nicho, pelo contrário. Mas para jogos mais avançados ou uso como câmera, consideraria outras opções.
A Asus costuma entregar seus dispositivos com a tela calibrada para exibir cores mais fiéis à realidade. Muito útil para fotografar e "consumir" fotografia, diga-se (e outros conteúdos produzidos com um mínimo de acuidade visual). Aí o cidadão, acostumado com o mundo Galaxy de reprodução exagerada de cores, vai lá, bagunça tudo e voilà!... Agoooooooooora sim!
Pelo Review gostei do gadget , sou fã de telas pequenas , 5.9" para mim é o tamanho ideal , vamos ver a que preço chegará por aqui.
Estou contigo, e neste aspecto a Sony dava show!
Endosso a opinião do Antoine, realmente a Asus criou esse modelo "a sombra do iPhone 12 Mini" Fará sucesso em quem gosta de aparelhos com uma estrutura "menor" pois sua tela de 5.9 vai acondicioná-lo melhor no bolso. Mas sua ficha (tirando a CPU), não empolga. Ainda mais pelo preço que encosta em outras estrelas de 5ª categoria recém lançadas. "Se vier para cá" terá de ser vendido a menos de R$ 4 mil senão vai ficar tomando poeira nas prateleiras.